Médico que trabalha para criar condições de saúde para o futuro, o pediatra presta assistência a crianças e adolescentes e é essencial na rede primária de saúde, que oferece cuidados desde o nascimento até a entrada na vida adulta, aos 18 anos, com o suporte necessário para que o desenvolvimento aconteça de forma segura, em todas as fases de crescimento.
A pediatria envolve um trabalho que ultrapassa os limites de uma unidade de saúde e passa pelo vínculo afetivo com o paciente e sua família. Uma ligação essencial que vai além do diagnóstico de patologias.
No Dia do Pediatra, comemorado nesta terça-feira, 27/7, o prefeito David Almeida parabeniza a categoria e ressalta a atuação desses profissionais em um cenário desafiador. “Muitos pais e mães precisaram do apoio dos pediatras para cuidar inclusive, dos aspectos emocionais das crianças, que foram afetadas pelo isolamento social e outras mudanças que aconteceram de forma muito rápida. Reconhecemos o valor desses profissionais e os parabenizamos pelo seu dia”, pontua.
Rotina
A secretária municipal de saúde Shádia Fraxe, enfatiza o papel social do pediatra para a qualidade de vida de crianças e adolescentes e frisa que o apoio de todos que fazem parte da rotina da criança é essencial para o seu bom desenvolvimento. “A importância do pediatra vai além do diagnóstico. Esse especialista estimula a vacinação, observa a nutrição da criança e o seu comportamento. É um profissional fundamental para o sucesso das políticas públicas na área da saúde, mas é necessário o envolvimento de todos para que ele tenha informações sobre o paciente de forma a facilitar o acompanhamento”, comenta.
A pediatra Lysla de Borborema Blasch, que atende na Unidade Básica de Saúde (UBS) Frei Valério, localizada no bairro Novo Israel, na zona Norte, conta que um dos seus maiores desafios profissionais tem sido orientar sobre os cuidados com as crianças no cenário da pandemia causada pelo novo coronavírus. Segundo ela, as crianças sofreram com a quebra brusca na sua rotina, logo na primeira onda de Covid-19, e não conseguiram assimilar rapidamente porque alguns cuidados eram necessários.
Com o trabalho focado na criação de condições para evitar as doenças, a pediatra Paola Dalmácio, que há 20 anos trabalha na rede pública de saúde, fala sobre sua rotina na Unidade de Saúde da Família (USF) Luiz Montenegro, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, zona Centro-Sul de Manaus. De segunda a sexta-feira, ela atende 20 pacientes. Paola ressalta que “o pediatra é importante não só porque diagnostica patologias, mas porque trabalha na prevenção de doenças. É muito mais fácil você tratar preventivamente do que cuidar de uma criança que já está adoecida”, observa.
Há 19 anos trabalhando nesta especialidade, Lysla fala que sempre foi muito ligada a crianças e como em sua família há muitos médicos, a escolha por essa especialidade foi fácil. Contribuir para o desenvolvimento e bem estar de uma criança é apontado como o principal estímulo para seguir na sua rotina profissional. “Vê-los crescer de forma saudável, chegando à idade adulta com bons hábitos é um grande presente para mim”, diz Lysla, que aponta a sensibilidade como o maior atributo de um pediatra. “Não adianta você ter um preparo técnico de excelência se não exercita a empatia com teu paciente. A gente se envolve com a vida da família da criança ao saber de suas rotinas, de sua dinâmica familiar e por isso precisamos ter sensibilidade”, diz.
“Os pais ficaram tão preocupados em proteger as crianças, que não as deixaram brincar, pegar sol, interagir com outras crianças e isso exigiu todo um processo de esclarecimento e orientação por parte dos pediatras. Tivemos que explicar que alguns cuidados precisavam ser seguidos, sim, mas que o ar puro, a brincadeira e a interação são importantes para o desenvolvimento dos pequenos. Só agora, depois de um ano, é que os responsáveis começaram a compreender. Mas em alguns casos, percebemos sinais de obesidade, ansiedade, perda de cabelo e até gastrite e estamos trabalhando nesses sintomas, reforçando a necessidade de interação social”, pontua.
A médica pediatra Allyne Oliveira, que trabalha na UBS Deodato de Miranda Leão, no bairro da Glória, na zona Oeste, e que há 16 anos atua nessa especialidade, costuma dizer que não são os médicos que escolhem a pediatria, mas que a pediatra os escolhe. De acordo com ela, é uma profissão que, além do preparo técnico exige sensibilidade, empatia e amor às crianças, que são os “tesouros” de uma família. O desafio é diário, exige preparo e principalmente, confiança, segundo ela.
Paixão
“Você cria laços com a criança e com a família dela e vai estabelecendo um elo forte de confiança com todos. É uma profissão que acolhe a família como um todo e que carrega o propósito de assegurar a saúde para as crianças e os adolescentes”, sintetiza.
O cenário mudou no quinto ano do curso quando, de acordo com suas palavras, teve “uma paixão incontrolável” pelos cuidados com os bebês recém-nascidos. “Durante os estágios de pediatria os bebês eram tão pequenos que minhas mãos facilitavam o trabalho, principalmente quando se tratava de prematuridade. A partir desse momento não me vi fazendo outra especialidade que não fosse a pediatria. Graças a Deus as minhas mãos são pequenas, mas são muito abençoadas e eu sou muito realizada por isso”.
Paola Dalmácio queria muito ser pianista e, aos 7 anos, aprendeu a tocar. Mas suas mãos pequenas eram uma barreira para alcançar as sétimas e as oitavas no instrumento musical. O piano teve que esperar quando ela passou a cursar Medicina, mas de novo o tamanho de suas mãos era um desafio para realizar a apalpações em pacientes. “Naqueles pacientes que apresentavam quadros mais graves como os hepatopatas e os neuropatas, que têm o abdômen mais distendido, eu sentia muita dificuldade e sempre pedia ajuda para examinar o fígado, o baço, o rim”.
A dona de casa Camila Gomes, mãe de duas filhas, uma de nove meses e outra com quatro anos, comparece à USF Luiz Montenegro mensalmente para o acompanhamento das pequenas pacientes. “Cada filha apresenta um comportamento diferente da outra. A primeira não mamou, já a segunda conseguiu ser amamentada por mim, então eu preciso da doutora Paola pra me orientar”, explica.
Apoio
Mesmo com uma série de tarefas domésticas, ela afirma que faz um esforço para não perder as consultas porque além de orientar, a médica transmite segurança na condução dos problemas de saúde. “Eu sei quando elas não estão bem, mas não sei como fazer para que elas fiquem logo boas, mas quando a doutora me explica, aí é mais fácil. Não dá pra ficar sem pediatra”, afirma.
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Texto – Tânia Brandão/Semsa