Ao aprovar nesta quarta-feira (10) a avaliação de políticas públicas sobre comércio agropecuário internacional como plano de trabalho, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) deu ênfase à necessidade de debate sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, celebrado em 28 de junho.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) salientou a importância de discutir a questão com associações de produtores rurais e de trabalhadores. Ele manifestou preocupação com a capacidade do Brasil diante da competição subsidiada: segundo as estatísticas que apresentou, os subsídios concedidos pelos membros da União Europeia à produção agropecuária bruta alcançaram US$ 106 bilhões contra US$ 7 bilhões no Brasil. Heinze também criticou a carga tributária dos alimentos brasileiros, que chega a 34%, enquanto na Alemanha e na Itália, os tributos são de 7%.
— Não posso entrar concorrendo com a União Europeia com a carga tributária que temos e os subsídios que não temos — argumentou.
O senador acrescentou que os estados do Sul são os mais prejudicados pelo Mercosul, e não podem entrar “desarmados” na concorrência com a União Europeia. Heinze espera poder discutir a situação no segundo semestre com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e os ministros de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Economia, Paulo Guedes.
A iniciativa da avaliação de políticas públicas recebeu elogios do senador Jayme Campos (DEM-MT), que cobrou competitividade do país e preservação da produção brasileira. Citando especificamente os casos da produção leiteira e vinícola, ele entende que o acordo do Mercosul com a União Europeia tem aspectos danosos para o país.