Cumprindo agenda relativa ao fortalecimento da Atenção Primária em áreas remotas, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, visitou, na manhã desta quarta-feira, 5/2, na comunidade Nossa Senhora de Fátima, a 7,8 quilômetros do centro urbano, unidades assistenciais da Prefeitura de Manaus. A ministra e sua comitiva foram recebidas pela titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Shádia Fraxe, que, acompanhada das áreas técnicas de Saúde Rural e Atenção Primária, apresentou os modelos de estruturas tradicionais e fluviais utilizados no atendimento às populações locais.
Na Unidade de Saúde da Família (USF) Nossa Senhora de Fátima, que é referência para aproximadamente 3.000 moradores de ramais, vicinais, igarapés e cinco comunidades da região do Tarumã-Mirim, a ministra conheceu os ambientes e fluxos de atendimento, com destaque para a saúde bucal e para o controle de endemias, em especial a malária.
A ministra também visitou a Unidade de Saúde da Família Fluvial (USFF) Dr. Antônio Levino, que juntamente com uma segunda unidade do tipo, leva serviços de Atenção Primária aos mais de 7.000 moradores das 86 comunidades situadas nas calhas dos rios Negro e Amazonas, nos limites da capital amazonense. A embarcação foi ancorada na comunidade Nossa Senhora de Fátima, para facilitar o acesso dos visitantes.
Após conhecer as duas unidades e conversar com servidores que atuam na Saúde Rural, Nísia Trindade disse sair da visita com a melhor impressão possível. “Nós acabamos de realizar um censo da Atenção Primária no Brasil e vemos que há muito valor nesse trabalho, mas muitas vezes faltam equipamentos e ações. Aqui, nós vimos na parte odontológica equipamentos modernos, já com o sinal do ‘Brasil Sorridente’ que nós retomamos no Ministério da Saúde, e todo o engajamento de profissionais, desde a Vigilância à Atenção Primária. E, acho que esse engajamento faz toda a diferença”.
A ministra destacou o diferencial da promoção e assistência à saúde em áreas ribeirinhas da Amazônia e citou como avanço relevante a utilização do prontuário eletrônico nas unidades rurais de Manaus. “Fiquei muito feliz por ver a conexão, o uso do prontuário eletrônico, porque isso coloca a população daqui em pé de igualdade com qualquer outro município”.
Quanto à atuação das equipes locais, a ministra ressaltou o engajamento e as ações de vacinação. “O Brasil saiu do mapa dos 20 países que menos vacinam pelas políticas públicas que estabelecemos no Ministério da Saúde, mas isso só é possível pela ação na base, em cada território. Aqui, eu vi conselheiros de saúde junto com as equipes de saúde, e é disso que nós precisamos em todo o país. Muitas vezes nós encontramos bons exemplos onde nós achamos que só vamos encontrar faltas”, observou a ministra.
Durante a visita à comunidade, a comitiva do Ministério da Saúde teve a oportunidade de assistir a uma apresentação cultural conduzida por servidores e pela comunidade ribeirinha. Uma mostra do espetáculo “A Maloca do Conhecimento”, idealizado pelo cirurgião-dentista Elves Sá, abordou o conhecimento tradicional e a cultura dos povos originários na assistência à saúde das populações locais.
Para a secretária Shádia Fraxe, a visita da ministra foi muito importante para mostrar que, embora haja desafios, a população rural conta com pontos de acolhimento. “E esses pontos, que são nossas unidades terrestres e fluviais, estão prontos, com profissionais, com medicamentos, com vacina, com toda a carteira da atenção básica, fazendo realmente o que o SUS preconiza, que é atendimento com qualidade”, enfatizou.
Rural
De acordo com o Distrito de Saúde Rural, da Semsa, a população rural atendida pelo SUS soma aproximadamente 30 mil pessoas, das quais 16 mil morando em localidades terrestres e 14 mil em áreas ribeirinhas.
A logística de acesso e a localização dispersa das comunidades representam desafios, acentuados pelas condições climáticas e pelo regime de enchente e vazante dos rios da região. Na seca, diversas comunidades ficam isoladas e no inverno amazônico, com a intensidade das chuvas, estradas e ramais terrestres podem ficar intrafegáveis.
O diretor do Disa Rural, Rubens Souza, explica que a assistência é feita por meio de quatro unidades tradicionais de Saúde da Família que atendem os moradores das comunidades terrestres, acessadas a partir da BR-174 e da rodovia AM-010; e por meio de três unidades, também tradicionais, instaladas em comunidades acessadas pelo rio Tarumã-Mirim. Além disso, destaca o diretor, duas unidades fluviais, embarcações que funcionam nos moldes de uma unidade tradicional, atendem as populações que residem em comunidades dos rios Negro e Amazonas.
Unidades fluviais
As duas Unidades de Saúde da Família Fluviais (USFF) – a Dr. Antônio Levino e a Dr. Ney Lacerda alcançam 100% das comunidades distribuídas em 115 quilômetros do rio Negro e em outros 110 quilômetros do rio Amazonas. Os barcos viajam até as comunidades uma vez por mês, durante 10 dias, com a finalidade promover a saúde da população ribeirinha local e evitar o agravamento de doenças e a necessidade de assistência de média ou alta complexidade.
Nas unidades são oferecidos serviços de atenção primária como consultas médicas, de enfermagem e odontológicas, exames laboratoriais, curativos, vacinação, assistência pré-natal, planejamento reprodutivo, prevenção do câncer do colo do útero e de mama, testes rápidos para hepatites, sífilis e HIV e dispensação de medicamentos, entre outros.
A equipe de assistência inclui médico, enfermeiros, cirurgião-dentista, técnico de saúde bucal, técnicos de enfermagem, técnico de patologia clínica e farmacêutico-bioquímico, além da tripulação. As embarcações contam com recepção, sala de espera, consultório médico e consultório de enfermagem com maca ginecológica, consultório odontológico, sala de imunização, farmácia, laboratório de análises clínicas e coleta de exames, sala de lavagem de materiais, sala de esterilização e sala de procedimentos (realização de curativos e atendimentos de urgência básica).
Encontro
Encerrando a participação da Semsa na visita da ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao Estado do Amazonas, a secretária Shádia Fraxe participa da mesa de abertura oficial do “Encontro Nacional da Estratégia Saúde da Família Ribeirinha: nos caminhos das águas o SUS se fortalece”, que acontece na tarde desta quarta-feira, 5/2, no auditório Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas.
Durante a manhã, a Semsa, por meio da farmacêutica Miê Muroya, apresentou na programação do encontro o projeto “Farmácia Viva”, que será executado no âmbito municipal. O programa local segue as diretrizes nacionais de valorização do conhecimento tradicional e a utilização de plantas medicinais nos tratamentos de saúde no contexto do SUS.
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Texto – Andréa Arruda /Semsa
Fotos – Clóvis Miranda/Semcom
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjC1qRa