A atuação do Ministério Público Federal (MPF) no município de Tabatinga foi destaque na entrevista concedida pela procuradora da República Aline Morais ao Centro de Memória Digital (CMD). O início da sua atuação no estado ocorreu em meio ao começo da pandemia de covid-19. No depoimento, ela lembrou das parcerias realizadas com o poder público a fim de amenizar o impacto do vírus na região, assim como outras atuações marcantes.
Natural de Campo Grande (MS), Aline ingressou no MPF em 2020. Antes da formação em direito e de ingressar no órgão como procuradora, foi jornalista concursada na TV Pública de Mato Grosso do Sul. O Amazonas foi sua primeira lotação no MPF, onde permaneceu por mais de três anos. Atualmente, está atuando na Procuradoria da República no Município de Corumbá.
“O principal objetivo quando eu cheguei em Tabatinga era fazer a diferença de alguma forma. Que com o nosso trabalho pudéssemos influenciar diretamente e positivamente na vida das pessoas da região. Quando você consegue ver que de uma forma ou de outra você tá conseguindo, isso dá muito mais noção da sua pequenez. De que você nunca soube o que era uma dificuldade na vida, coisas que são naturais, coisas que o seu acesso é facílimo e em outros lugares esse acesso não é assim”, declarou.
Confira a íntegra da entrevista:
Casos de destaque
Por meio de ações do MPF, Aline lembrou que foi possível aumentar o fornecimento de oxigênio na cidade de Tabatinga durante a pandemia. O Hospital de Guarnição de Tabatinga (HguT) dobrou a capacidade de envasamento de cilindros de oxigênio. Os esforços também permitiram levar ações imediatas aos indígenas, não só em Tabatinga, como também em Atalaia do Norte, com a aquisição de ambulanchas, alas indígenas, atendimento diferenciado e respeito à cultura.
O depoimento também traz um panorama sobre a criminalidade no Vale do Javari, ligados diretamente à questão indígena. A terra multiétnica possui mais de 8,5 mil hectares, com sete etnias. Foi nesse contexto que ocorreu o crime de repercussão mundial, o Caso Bruno e Dom, em 5 de junho de 2022.
Caso Jossy Cystal
Outro destaque mencionado pela procuradora é o caso de sequestro internacional de Jossy Crystal. A mãe da menina, Charito Panduro, procurou o MPF, em 2017, para relatar o episódio em que a filha havia sido levada ao Peru pelo próprio pai, sem que qualquer pessoa fosse comunicada. Charito possuía a guarda da criança, apesar disso, esse direito não foi respeitado. Com isso, a mãe foi privada do convívio com a filha por mais de quatro anos. Mesmo não sendo uma autoridade central no caso, o MPF acompanhou os desdobramentos e o desfecho desse episódio.
Conheça mais sobre o Caso Jossy Crystal na seção “Atuações de Destaques” no site do CMD.
Memória Oral
A entrevista está disponível no site do Centro de Memória Digital e no canal do MPF no Amazonas no YouTube. Confira os depoimentos de membros e servidores do MPF no Amazonas já divulgados no site do Centro de Memória Digital, na seção “Memória Oral”, e os resultados das primeiras fases de pesquisa realizadas pela instituição no âmbito do projeto, que estão reunidos no livro “Memórias e Histórias do Ministério Público Federal no Amazonas”.