A terceira e última noite do desfile das escolas de samba de Manaus foi marcada com chuva intensa, horas antes do início das apresentações. Por conta da circunstância e para garantir a segurança dos foliões, a primeira apresentação precisou entrar com uma hora de atraso. As oito escolas de samba do Grupo Especial foram fomentadas pela Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).
A agremiação responsável por abrir a noite foi a representante da Compensa, Gres Vila da Barra que trouxe o enredo “Ratanabá: O segredo milenar da Amazônia”, que propõe uma viagem no tempo e questiona quem veio primeiro: o alien, o macaco ou Adão? As alegorias mostraram personagens de outras dimensões como alienígenas, os seres gigantes de Ratanabá, que levam a uma era jurássica, guardiões indígenas e os mistérios.
De azul e amarelo, o Gres Vila da Barra desfilou no sambódromo com 21 alas, 2.800 brincantes, 250 componentes na bateria, três carros alegóricos e três tripés.
A segunda escola a colorir a avenida do samba foi a Primos da Ilha, que contou a história de vida do fundador do “Grupo TV Lar”, o empresário, comendador e cônsul honorário de Portugal no Estado, José dos Santos da Silva Azevedo, que morreu em 2018, aos 84 anos.
O enredo “‘D´Além-mar, o Amazonas conquistou, José Azevedo, o legado de um gajo sonhador” apresenta o empresário como um dos responsáveis pelo crescimento econômico da capital amazonense. A escola do bairro São Francisco tem 33 anos de fundação e levou 20 alas, três alegorias, dois modos alegóricos e 3.500 brincantes.
O Grêmio Recreativo Social Escola de Samba Andanças de Cigano foi o terceiro a se apresentar. Com o enredo “Não deixe o samba morrer, não deixe a cultura acabar, o povo cigano clama: salve a cultura popular”, a escola deu ênfase quanto ao respeito pela luta contra a intolerância e outras questões que possam prejudicar a cultura popular.
A agremiação enaltece a contribuição de diversos povos, a pluralidade de manifestações culturais no Brasil, representadas por meio de celebrações, rituais, danças e festas. De norte a sul, de leste a oeste, essas manifestações expressam a multiplicidade cultural do país.
A comissão de frente foi representada por personagens folclóricos-culturais como indígenas de azul e vermelho simbolizando Caprichoso e Garantido, ciranda, carimbó e cangaço.
A escola do bairro Cachoeirinha tem 47 anos de fundação e levou para avenida 17 alas, três alegorias e 2 mil brincantes. As cores: Azul, vermelho e branco.
A terceira noite de desfile também foi de homenagem. O Grêmio Recreativo Escola de Samba Reino Unido da Liberdade entrou à 0h50 e apresentou a vida e a trajetória do artista Zezinho Corrêa, ícone da cultura do Estado, nascido no município de Carauari e levou o canto, a essência e a magia do Amazonas para o mundo.
A comissão de frente, chamada de “As várias faces do Zezinho”, abriu o primeiro ato da agremiação chamada Nasce uma Estrela. Ele vem seguido do carro abre-alas “Vestido de Luz – O Menino Iluminado”.
No início da apresentação a cantora Márcia Siqueira fez a abertura com sua voz imponente e cantou trecho do enredo “Bate forte o tambor, Furiosa! Eu quero é Tic, tic, tac, a Reino Unido abre as cortinas para Zezinho Corrêa”. A agremiação levantou a torcida da arquibancada G. A escola que tem 41 anos de fundação e 27 alas, três carros alegóricos, 250 ritmistas e 3.200 brincantes.
A avenida também ganhou brilho e cores com o Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida que busca o bicampeonato. A campeã do Carnaval de 2020 levou o enredo “Vitae – A Essência, a Seiva, a Fonte”.
A verde e branco levou ao folião a formação do planeta Terra, ressaltando a importância da água na existência da vida. A agremiação do bairro da Aparecida chamou atenção pela preservação dos recursos hídricos.
Nas alegorias, a escola apresentou o início da vida na terra com os seres unicelulares. A figura de Luca vem ao centro da primeira alegoria. O próximo carro alegórico trouxe a alegoria de cerca de 40 metros de comprimento. A poluição dos rios, igarapés, mares e a consequência disso, também foram retratadas no sambódromo.
A escola do bairro Aparecida, que tem 43 anos de fundação, levou para avenida 80 baianas, 230 ritmistas na bateria, 15 componentes na comissão de frente acompanhados de um módulo alegórico, além de duas alas coreografadas e 24 alas comerciais.
O Grêmio Recreativo Cultural Escola A Grande Família ultrapassou a barreira da capital Manaus e trouxe como enredo,”Eirunepé, o Cordel Amazônico”. Entrou às 3h28, deste domingo, 19/2, na avenida.
A agremiação, que nasceu na zona Leste de Manaus, levou para avenida a saga dos nordestinos brasileiros fugindo da seca, navegando pelos rios na busca de melhoria de vida nos seringais da Amazônia.
O “Eiru”, seringal que deu origem à cidade de Eirunepé, no rio Juruá, no Amazonas, foi levado para a avenida. A passarela foi palco do cordel de amor do sertanejo pela índia Kulinaã, do trabalho árduo dos seringueiros e da perseverança de um povo que não desiste de lutar.
A primeira alegoria representa o encontro do branco nordestino com a índia Kulinaã, resultando numa paixão entre os dois. Os descendentes de Eirunepé surgem dessa união.
A escola do bairro São José tem 40 anos de fundação e entrou na avenida com 21 alas, três alegorias, 2 tripés e três mil brincantes.
A sétima escola a entrar na avenida foi o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Alvorada, que fez homenagem ao fundador do Grupo Samel, Luiz Fernando Nicolau, que morreu aos 74 anos, em 2020, vítima de complicações da Covid-19.
A escola contou na avenida a saga do médico nascido na cidade de Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro, que construiu história em Manaus, se dedicando à carreira política, trabalhos humanitários e ao conhecimento científico da medicina.
Com o enredo “Obu Manaó – O alvorecer da cura, sob as bênçãos do céu. Anauê, Samel”, a escola, que tem 27 anos de fundação, levou 3.500 brincantes, 18 alas, 4 carros e 1 tripé.
A última escola de samba a se apresentar e fechar com chave de ouro a temporada carnavalesca na avenida foi o Grêmio Recreativo Escola de Samba Vitória Régia, que levou para a avenida a história da população que possui algum tipo de deficiência física, mental, intelectual ou sensorial.
A verde e rosa da Praça 14 fez um convite à reflexão sobre o desenvolvimento de políticas públicas que possam garantir, fortalecer e promover os direitos dessas pessoas, pedindo por um mundo mais inclusivo, igualitário, acessível e humano.
O primeiro setor do desfile se chama “Despertar da Humanidade”, com a comissão de frente “A origem da genética” e o carro abre-alas “Um mundo obscuro da discriminação”.
A escola do bairro da Praça 14 tem 47 anos de fundação e levou o enredo “A nossa especialidade é ser especial, por um mundo mais acessível e humano”, e evoluiu com 20 alas, 4 carros alegóricos, 250 ritmistas na bateria e 3.500 brincantes.
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Texto – Flávia Moura / Manauscult
Fotos – Antonio Pereira / Semcom
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjAsHd5