Encontrado em alimentos como pães e biscoitos, o glúten é inofensivo para a maioria da população, mas afeta a saúde das pessoas celíacas, que não podem consumir estes e outros produtos comuns do dia a dia. Como parte do Maio Verde, mês de conscientização sobre a doença celíaca, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), informa sobre a doença e reforça que a atenção à dieta e o acompanhamento médico possibilitam aos celíacos conviver com as restrições impostas pela condição.
A doença celíaca é uma doença crônica e autoimune, que afeta uma a cada cem pessoas em todo o mundo e causa intolerância permanente ao glúten. No celíaco, o consumo dessa proteína (encontrada no trigo, centeio e cevada, e nos produtos derivados desses cereais, de pizzas, pães e biscoitos a cerveja), leva o sistema imunológico a atacar o intestino, causando sintomas como diarreia, dor abdominal, gases, e dor de cabeça e nas articulações.
“Essa reação inflamatória pode acabar destruindo a mucosa do intestino, causando atrofia e levando à má absorção de vitamina B12, cálcio e outros nutrientes, e os pacientes passam a ter problemas como anemia crônica e fraqueza”, explica o médico gastroenterologista e endoscopista, Fábio Alexandre de Souza, também delegado da Sociedade Amazonense de Gastroenterologia (SAG).
Fábio Alexandre esteve nesta semana na sede da Semsa Manaus, onde conversou com a secretária Shádia Fraxe e apresentou as ações de conscientização sobre a doença celíaca a serem promovidas na capital como parte da campanha do Maio Verde.
Conforme Fábio Alexandre, a doença celíaca tem origem genética e atinge mais mulheres do que homens, manifestando-se de forma mais evidente em um primeiro momento na infância, por volta dos oito aos 12 anos. Apesar do maior conhecimento sobre o problema na atualidade, ele aponta que ainda é comum o diagnóstico tardio dos casos.
“Em média, os pacientes demoram oito anos para ter um diagnóstico. Em cada dez pacientes, somente dois são diagnosticados, porque a pessoa não tem informação e não pensa na possibilidade da doença celíaca”, assinala o especialista, que orienta as pessoas a buscar um profissional em caso de problemas digestivos recorrentes.
O tratamento da doença celíaca consiste em evitar alimentos, bebidas ou mesmo medicamentos que possam conter glúten, de modo a controlar os sintomas e promover a cicatrização intestinal. A falta de restrição na dieta, ao longo do tempo, diz Fábio Alexandre, pode causar danos ao revestimento do intestino e à saúde em geral.
“Há ainda sintomas neurológicos associados à doença celíaca, como ataxia cerebelar, que faz o paciente andar como se estivesse tonto, além de depressão e ansiedade. A doença celíaca acomete da cabeça aos pés”.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença celíaca é feito pelo médico clínico ou pediatra, da rede pública ou particular de saúde, e inicialmente requer exames laboratoriais e de anticorpos, para aferir condições como anemia e verificar a resposta imune. Diante de uma contagem elevada de anticorpos associados à doença, o paciente é referenciado para o gastroenterologista, que seguirá na investigação com endoscopia e exame genético, a depender do caso.
“Uma dúvida muito comum entre as mães celíacas é saber se seu filho vai ser celíaco. A criança não pode fazer endoscopia, mas faz o teste genético, e apenas se der positivo essa mãe deve se preocupar sobre o filho ter a doença, do contrário pode ficar tranquila”, explica.
Informação e apoio
As restrições na dieta e no dia a dia por conta da proibição do consumo de pães e massas podem intimidar os pacientes e suas famílias, mas Fábio Alexandre ressalta que um diagnóstico da doença celíaca não precisa ser motivo de angústia ou desespero.
“É importante não se apavorar, mas conhecer mais sobre a doença, procurar um grupo de apoio e buscar um médico especialista para lhe acompanhar”, orienta.
O especialista enfatiza a importância dos grupos de apoio, nos quais os celíacos podem obter informações sobre a doença, além de trocar vivências e dicas para conviver melhor com as restrições na dieta e no dia a dia. A rede de suporte, ele aponta, inclui associações diversas, além da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra) e da Associação dos Celíacos do Brasil (Acelbra).
“Aqui em Manaus temos o Grupo de Celíacos do Amazonas, onde cada um ajuda o outro, indicando onde encontrar pão sem glúten, ensinando como fazer receitas sem glúten, contando sua experiência”, indica o especialista, também fundador de um grupo voltado às pessoas com a doença, o Grupo de Apoio aos Celíacos do Amazonas, que dá também orientações e dicas de dieta on-line, no site www.gacam.com.br.
O acompanhamento regular, a atenção às orientações médicas e o suporte dos grupos de apoio e da família vão permitir ao celíaco conviver com a doença de forma tranquila, mantendo o glúten longe da dieta e a saúde em dia.
“O paciente às vezes não aceita o diagnóstico, e por isso precisa de apoio, precisa de pessoas que ouçam, precisa da atenção do médico. Bem orientado, ele consegue superar a doença”, conclui Fábio Alexandre.
Maio Verde
A conscientização sobre a doença celíaca é o foco da campanha Maio Verde, que surgiu em 2018 com o objetivo de informar sobre o impacto da condição celíaca na vida das pessoas. Em maio são celebrados o Dia Mundial de Conscientização da Doença Celíaca, no dia 16, e o Dia Internacional do Celíaco, no terceiro domingo do mês.
Em Manaus, as atividades relacionadas ao Maio Verde incluem a iluminação do Teatro Amazonas na cor da campanha, a partir deste sábado, 19/5. Já no domingo, 20/5, o Complexo Turístico da Ponta Negra será palco de uma caminhada de conscientização com faixas, cartazes e distribuição de folhetos sobre a doença celíaca. O Anfiteatro do cartão-postal será o ponto de encontro da atividade.
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Texto – Jony Clay Borges / Semsa
Fotos – Divulgação / Semsa