16:16 – 04/10/2019
FOTO: Divulgação/Secom
Uma cartinha para a mãe e o pai cujo bebê nasceu morto. Um juramento especial do pai para com seu bebê na hora de cortar o cordão umbilical. A mãe que escolhe se quer ter seu bebê na água, de cócoras ou deitada, e o profissional de saúde que aprendeu Libras, a Língua Brasileira de Sinais, para atender pacientes surdos. São algumas estratégias usadas hoje nas maternidades e outras unidades da rede estadual de saúde para humanizar o atendimento.
O secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias, ressalta importância do atendimento humanizado, que segundo ele, é a tônica do novo governo. “A saúde tem seus problemas resultantes de décadas de descaso, mas a gente vai mudar essa realidade, e os profissionais que estão na ponta são importantes nesse processo. Todas essas iniciativas mostram que estamos avançando no quesito humanização”.
No Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL), a equipe de enfermagem decidiu escrever cartas de despedidas e entregar aos pais de bebês nascidos mortos ou que morreram após internação.
“Papai e mamãe, durante 21 semanas e 3 dias, pude sentir o quanto vocês me amam e eu também já amava vocês. Sei que seriam pais excelentes. Fiquem em paz! Nasci e voltei para o céu no dia 30/09/19 às 14:45 horas no Instituto da Mulher Dona Lindu e pesei 0,370 gramas. Irei no coração de vocês, aonde forem, para sempre. Ass: Jander Gaell Rodrigues de Menezes. Com amor”.
Segundo a enfermeira Liseane Bello Façanha, a ideia de promover algum gesto que pudesse confortar as famílias em um momento de perda foi lançada pelo psicólogo da unidade, Jônatas Tavares da Costa. “O Jônatas nos deu a ideia, e aí desenvolvemos a cartinha. A aceitação das famílias tem sido boa”, conta Lisiane.
Jônatas diz que pensou no assunto ao participar de um congresso profissional, que abordou o assunto. Ao retornar para Manaus, lançou a ideia à equipe de enfermagem. Para o psicólogo, o gesto conforta tanto a família quanto a equipe responsável pelo atendimento.
“Para a família, para a mãe, a carta, com o registro do pezinho, acaba se transformando em uma lembrança boa que eles vão ter daquele momento, apesar da perda do filho que era tão esperado. Para a equipe da unidade, o gesto se tornou uma estratégia que ajuda a lidar com o momento. Porque a equipe também tem dificuldade nessa situação de perda, uma vez que estão sempre preparados para celebrar a vida de crianças, não o contrário”, explica Jônatas.
O gesto de fazer a carta iniciou há dois meses, conta a residente de enfermagem, Carla Campos. “Tem sido muito gratificante esse trabalho. E a gente consegue ver o quanto as famílias ficam gratas por isso, é possível ver a emoção deles. Eles se sentem acolhidos e é isso que buscamos”, conta Carla.
A diretora do IMDL, Marilsa Mathias, conta que além da carta para famílias de bebês nascidos mortos, a equipe de enfermagem também entrega lembranças do momento do parto para a família de bebês vivos. Uma delas é a impressão da placenta em um papel. “É um atendimento humanizado, acolhedor, que os pais gostam demais”, afirma a diretora.
Outros exemplos – Na maternidade Ana Braga, o enfermeiro obstetra Edilson Albuquerque criou um juramento para os pais realizarem no momento de cortar o cordão umbilical dos filhos.
Praticado até hoje, o “Juramento do Pai” foi a estratégia criada pelo profissional para envolver por completo a figura paterna no momento do parto.
Em junho, o Governo do Amazonas reinaugurou um Centro de Parto Normal Intra-hospitalar (CPNI) da Maternidade Balbina Mestrinho, também em Manaus. O espaço, que passou por uma ampliação, foi todo pensado para estimular as gestantes a optarem pelo parto com o mínimo de intervenção possível.
Entre as novidades da reformulação do CPNI da Balbina Mestrinho estão as suítes com banheira com água aquecida, para as grávidas que optarem por dar à luz na água, e uma sala de parto preparada para receber indígenas, quilombolas e estrangeiras, de modo a respeitar as culturas e costumes tradicionais. A grávida também pode escolher a posição mais confortável para ter seu bebê.
As práticas de parto humanizado realizadas nas maternidades do Estado garantiram a renovação, no mês passado, do selo de Hospital Amigo da Criança a todas as unidades da rede estadual. O reconhecimento é feito pelo Ministério da Saúde.
Acolhimento mais humanizado também é preocupação dos hospitais da rede estadual. No Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais estão aprendendo Libras para melhorar o atendimento à comunidade surda na unidade hospitalar.
A direção da unidade identificou a necessidade de atendimento para a pessoa surda, principalmente pensando nos casos de urgência e emergência em que se precisa de um diagnóstico rápido.
No Centro de Atenção ao Idoso (Caimi) Ada Viana, na Compensa, zona oeste, o atendimento em Libras já é uma realidade desde julho desse ano, quando finalizou a primeira turma de capacitação na língua de sinais.
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