14:35 – 17/10/2019
FOTO: JANDER SOUZA/SEAS
A rotina do abrigo do Coroado, na zona leste de Manaus, que acolhe refugiados venezuelanos sob a coordenação da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), teve sua rotina mudada na manhã desta quinta-feira (17/10), principalmente para as crianças. Foi inaugurado o projeto Sala de Transição para atender crianças venezuelanas de 4 a 12 anos nas séries iniciais – educação infantil e do 1º ao 5º, no horário matutino.
O projeto, realizado por meio de uma parceria entre Seas, Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), é voltado para crianças estrangeiras em idade escolar que estão fora da sala de aula. Se trata do cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em que o poder público cria formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior.
Atualmente 210 venezuelanos estão acolhidos no Abrigo do Coroado, dos quais 62 são crianças e adolescentes. Dessas, em torno de 30, vão participar do projeto até dezembro. Todos eles serão matriculados automaticamente em uma das unidades da rede municipal no próximo ano.
“Vamos trabalhar a língua portuguesa e levá-los a conhecer o alfabeto a fim de ingressá-los numa sala de aula formal no início de 2020”, disse a subsecretária de Educação do município, Euzenir Araújo, ressaltando que a nomenclatura utilizada (transição) está no fato desse momento ser de preparação desses estudantes para ingressarem na rede municipal de ensino no próximo ano.
Ensino regular em 2020 – De acordo com a coordenadora do abrigo do Coroado, Darcy Ramos de Amorim, a sala foi pensada por conta do grande número de crianças abrigadas no local em idade escolar e fora da escola.
“A gente buscou a Semed e organizou essa sala de transição pedagógica para que no próximo ano essas crianças e adolescentes possam ir para o ensino regular”, disse, informando que eles vão ter uma rotina escolar: horário de entrar e de sair da aula e também horário do lanche, a fim de que se adaptem a uma rotina de escola formal.
Integração – Darcy Ramos de Amorim informou ainda que as mães dessas crianças vão se envolver no projeto com a incumbência de fazer o reforço escolar à tarde; elas também serão responsáveis pela confecção do lanche.
“Vai haver uma interação muito grande, numa nova dinâmica na vida dos venezuelanos como um todo, que estão no abrigo do Coroado, pois precisam realmente se integrar com a sociedade local; sozinhos têm dificuldades, inclusive para arranjar emprego, tanto é que tem pessoas aqui que conseguiram se empregar e no dia seguinte tiveram que sair porque não conseguiram se comunicar”, sintetizou.
Gestão compartilhada – Presente no evento, a secretária Executiva Adjunta, Fernanda Ramos Pereira, disse que a Seas, como atual coordenadora do abrigo, apoia essa iniciativa da Semed, na concepção desse projeto às crianças venezuelanas, no sentido de unir esforços de garantia do direito à educação infantil, um direito constitucional garantido na LDB.
“Enquanto equipe técnica em gestão estadual, a gente está muito feliz por estar contribuindo em viabilizar esse serviço aos pais dessas crianças e a elas próprias”, disse.
Na opinião da secretária, a assistência social precisa atuar de forma articulada, o que permite pensar a gestão do abrigo em diversas áreas, que é o que está acontecendo atualmente.
“Desde que a Seas assumiu a gestão desse abrigo, em março de 2019, nosso trabalho todo é articulado com outras secretarias”, informou Fernanda, lembrando que as demandas que surgem no Abrigo do Coroado não são apenas relacionadas ao acolhimento, são diversas. “Nossa equipe técnica hoje está preparada para essas demandas que as famílias manifestam aqui, seja uma necessidade no campo da educação, do trabalho, da qualificação profissional, a gente faz os devidos encaminhamentos para que ocorra o processo de emancipação das famílias’, sintetizou.
Iniciativa é elogiada – A Venezuelana Thalia Bricenio, há cinco meses no abrigo, é mãe de um menino de 4 anos, louvou a iniciativa do projeto Sala de Transição, por entender que o filho precisa desse espaço de aprendizado, assim como as demais crianças que se encontram no local.
“Agradeço a toda a equipe que tornou esse sonho possível”, disse a mãe venezuelana, destacando que, ao amanhecer do dia, praticamente, não ficavam crianças no abrigo porque iam para rua e agora estão ficando na sala de aula, interagindo uns com os outros, recebendo conhecimentos, inclusive da língua portuguesa. “Uma pessoa sem estudo é incompleta”, frisou.
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