Ao fim da primeira semana da Copa do Mundo de vôlei feminino, a seleção brasileira ocupa apenas uma discreta sexta posição. Após a derrota para os Estados Unidos na última quinta-feira (19), as chances de título foram drasticamente reduzidas. A essa altura, para as brasileiras o objetivo mais palpável é um terceiro lugar, que ainda pode render uma boa premiação em dinheiro. O título da Copa deve ficar mesmo entre as seleções americana e chinesa, líderes invictas da competição.
Para o torcedor que acompanha a seleção feminina, os resultados da semana foram um misto de decepção e déjà vu. A velha instabilidade voltou a rondar o time comandado por José Roberto Guimarães. As vitórias vieram sobre adversários inexpressivos – casos de Argentina e Quênia – e sobre uma Sérvia sem as principais titulares. A derrota para a Holanda chamou atenção pela forma: em sets diretos. Já o revés diante dos Estados Unidos talvez não tenha sido exatamente uma surpresa. O problema, de novo, foi como ela aconteceu.
O Brasil não ofereceu resistência e se tornou presa fácil para o ótimo sistema de jogo montado pelo técnico Karch Kiraly. O ex-jogador tem em mãos um time jovem, talentoso e disciplinado taticamente. Com segurança no passe, as norte-americanas jogam fácil e muito, muito rápido. Se o saque adversário não funcionar, é difícil pará-las. Foi o que aconteceu com o Brasil, que não soube se portar diante de uma equipe claramente superior. Faltando menos de um ano para os Jogos Olímpicos, Estados Unidos, China, Itália e Sérvia formam o seleto clube das seleções a serem batidas em Tóquio.
Se podemos tirar uma lição das duas derrotas é a de que o time brasileiro precisa de muitos ajustes para sonhar com mais uma medalha de ouro na Olimpíada. Talvez por conta de todos os problemas sofridos no atual ciclo olímpico, o Brasil ainda carece de um padrão de jogo. A Seleção não conta com uma “derrubadora de bolas”, como a russa Goncharova, a chinesa Thing Zhu ou a sérvia Ana Bjelica, maior pontuadora da Copa do Mundo. Por isso não pode descuidar do passe, algo fundamental para um jogo veloz, nem desperdiçar os saques. A virada de bola precisa ser melhorada, com Gabi e Drussyla nas pontas e com Lorenne na saída. Aí estão as chaves para a evolução brasileira.
O destaque positivo da Seleção nesta primeira semana de Copa do Mundo foi ver o retorno da central Fabiana. É preciso entender e respeitar as decisões pessoais de cada atleta, especialmente de quem sempre serviu tão bem ao Brasil. Mas era uma pena vê-la longe da seleção enquanto jogava em alto nível na Superliga. Aos 34 anos, a central bicampeã olímpica ainda tem muito a oferecer para o Brasil e vai ser peça importante para um bom resultado nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Dois sufocos, duas viradas
Ainda não será com força máxima, vide a ausência do oposto Wallace, mas a seleção masculina vai com um time experiente para a última competição do ano, a Copa do Mundo do Japão. O Brasil começa a campanha no dia 1º de outubro contra o Canadá. A competição vai encerrar um ano de oscilação para os brasileiros, simbolizados em duas partidas com viradas épicas. A última delas foi na final do Campeonato Sul-americano, no Chile. A Argentina abriu dois sets e chegou a ter o match point para impor uma derrota dolorosa ao Brasil. O time comandado por Renan Dal Zotto conseguiu colocar os nervos no lugar e virar o duelo para 3 sets a 2, garantindo o 32º título sul-americano.
O roteiro foi semelhante ao que aconteceu no pré-olímpico contra a Bulgária. No embate mais importante do ano, que valia a classificação olímpica, o Brasil virou o jogo depois de perder os dois primeiros sets. No caso do duelo contra os argentinos, é preciso dar um desconto porque a seleção estava desfalcada de algumas de suas estrelas. Mas a Argentina também não tinha força máxima. Os resultados apertados e sofridos demonstram que a seleção masculina, assim como a feminina, precisará evoluir até a Olimpíada. Até porque, ao contrário de Zé Roberto, Renan tem à disposição os melhores atletas do país.
Edição: Verônica Dalcanal