A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta terça-feira (9) as indicações dos novos embaixadores do Brasil no Catar e na Grécia. Os nomes de Luiz Alberto Figueiredo e Roberto Abdalla ainda precisam ser aprovados no Plenário da Casa. Os dois foram sabatinados na CRE durante a manhã.
Luiz Alberto Figueiredo é carioca, tem 64 anos e foi ministro das Relações Exteriores entre 2013 e 2014, durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Depois disso, atuou como embaixador do Brasil em Washington e Lisboa. Formado em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ingressou no Instituto Rio Branco em 1979 e tornou-se ministro de primeira classe em 2009.
O diplomata foi indicado para a embaixada brasileira em Doha, capital do Catar, uma monarquia absolutista localizada na costa nordeste da Península Arábica. O país tem 2,8 milhões de habitantes, dos quais 88% são estrangeiros — 1,2 mil deles, brasileiros. O Catar detém a maior renda per capita do mundo e uma economia dependente do comércio de petróleo e gás, que responde por 65% da renda nacional.
— O Catar é o maior exportador de gás liquefeito do mundo. Toda essa riqueza foi usada também para a modernidade, a cultura e a educação. Hoje o Catar é um país plenamente alfabetizado e com pleno emprego — destaca Luiz Alberto Figueiredo.
O intercâmbio comercial bilateral cresceu 419% entre 2007 e 2015, quando alcançou a cifra de US$ 1,3 bilhão. Nesse intervalo, o saldo da balança comercial mostrou-se favorável ao Brasil até 2011, tendo apresentado deficit a partir de 2012, em razão das crescentes importações brasileiras de gás natural e ureia. O Brasil exporta principalmente minério de ferro, alumina e produtos alimentícios, com destaque para o frango. As maiores importações são de gás natural liquefeito e fertilizantes. Em 2022, o Catar vai sediar a Copa do Mundo de Futebol.
— A Copa do Mundo pode e deve ser usada como uma vitrine nossa. Nossa excelência no futebol deve ser entendida como uma excelência em todas as áreas. O Catar tem cerca de US$ 320 bilhões em ativos no exterior. Estima-se que, no Brasil, o país tenha um estoque de investimentos de US$ 5 bilhões em várias áreas, como companhias áreas, óleo e gás e nos setores imobiliário e financeiro. São investimentos que me empenharei para que aumentem muito — afirma Figueiredo.
A indicação de Figueiredo consta na Mensagem (SF) 30/2019, do Poder Executivo. O relator da matéria na CRE foi o senador Esperidião Amin (PP-SC).
Grécia
O diplomata Roberto Abdalla, indicado para a embaixada brasileira na Grécia, nasceu em Recife (PE) e tem 60 anos. Formado em ciências econômicas pela Universidade Federal de Pernambuco, ingressou no Instituto Rio Branco em 1983 e tornou-se ministro de primeira classe em 2014. Atuou como embaixador no Kuwait e no Catar.
Cerca de 4 mil brasileiros vivem na Grécia, que recebe aproximadamente 60 mil turistas brasileiros por ano. Em 2018, o Brasil teve o primeiro deficit comercial com a Grécia, de US$ 500 mil. Do lado das exportações brasileiras, houve uma expansão nas vendas de tabaco, que saltaram de US$ 15,4 milhões em 2017 para US$ 26,4 milhões em 2018.
Roberto Abdalla destacou que a Grécia enfrenta uma crise financeira que reduziu a economia do país em 25% desde 2009. A previsão é de que o país cresça 1,8% em 2019, após um acordo com o Banco Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional que permitiu o repasse de 280 bilhões de euros ao país.
— Em troca dessa ajuda financeira, a Grécia se viu obrigada a estruturar sua economia. Foram tomadas medidas de austeridade e iniciadas reformas liberalizantes para redução do deficit fiscal e eliminação do deficit em conta corrente. Medidas como elevação de impostos indiretos, corte de serviços públicos, revisão de direitos trabalhistas, redução nominal de 20% no salário mínimo em 2012, corte de gastos em saúde e educação e reduções seguidas no salário de funcionários e aposentadorias. Houve redução de um terço no nível pessoal de renda dos gregos nesse período. A taxa de desemprego chegou a 28% em 2013 e agora se concentra na faixa dos 19%, que ainda é altíssima — explica Abdalla.
A indicação do embaixador Roberto Abdalla consta na Mensagem (SF) 31/2019, do Poder Executivo. O relator da matéria na CRE foi o senador Zequinha Marinho (PSC-PA).