Iniciativa da DPE-AM conta com palestras, material informativo e “distribuição de abraços”
Dentro de um abraço mora o encontro de dois corações. É com esse sentimento de conexão e empatia que a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) está promovendo a campanha “Abraço em Defesa da Vida”, em alusão ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. O objetivo é mobilizar e orientar para o acolhimento de pessoas que estão em sofrimento emocional e psicológico, como forma de combater os crescentes índices de suicídio. De 2016 a 2019, 424 pessoas se suicidaram em Manaus, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-AM).
Como parte da programação da Defensoria, serão lançados materiais informativos nas redes sociais da instituição ao longo do mês. As informações visam orientar sobre a identificação de sinais de alerta, como abordar e acolher alguém que está em sofrimento psicológico ou com ideações suicidas, e como encaminhar corretamente para o tratamento com profissionais especializados.
No dia 18, será realizada uma grande ação de mobilização, que começa com palestras voltadas aos membros e servidores da Defensoria, na sede da instituição, na avenida Maceió, das 14h às 16h, e encerra com a distribuição de abraços e material informativo no Largo de São Sebastião, Centro, às 17h. As palestras serão ministradas por quatro psicólogas e uma psiquiatra, que abordarão temas como projetos destinados à prevenção nas escolas públicas e na Ponte Jornalista Phelippe Daou (Ponte Rio Negro).
Durante a mobilização no Largo de São Sebastião, o Teatro Amazonas será iluminado em tom de amarelo, alertando para a necessidade de a sociedade abraçar a causa. A programação no Largo conta com a parceria da Secretaria de Estado da Cultura (SEC), do Programa Estadual de Proteção e Orientação ao Consumidor do estado do Amazonas (Procon-AM), e da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc).
A defensora pública Carolina Carvalho, idealizadora da campanha Abraço em Defesa da Vida, vivenciou a perda recente de um amigo e explica a importância de mobilizações como esta.
“Só quem perdeu um ente querido para o suicídio sabe a dor que é. Portanto campanhas como essa são importantes para refletirmos sobre como estão as pessoas ao nosso redor e fazer algo por elas, saber como identificar pessoas que estão com pensamentos suicidas e ainda saber o que fazer, como agir, para onde encaminhar essas pessoas. Precisamos falar mais sobre o suicídio. Mesmo em tempos atuais, ainda temos o suicídio como um tabu. As pessoas não falam sobre o assunto”, afirma a defensora.
Carolina Carvalho diz ainda que a campanha é também um alerta para a sociedade, porque o número de casos só aumenta, principalmente entre os jovens. De acordo com dados da SSP, este ano em Manaus já foram registrados 66 casos. Em 2018, foram 92; em 2017, 88; e em 2016, houve a maior ocorrência dos últimos anos, num total de 178 casos, somente na capital. Segundo essas estatísticas, há um aumento de incidência entre os jovens até 29 anos.
“Com essa campanha, a Defensoria vem oferecer esse abraço fraterno, não só às pessoas que estão passando por esse tipo de dificuldade, como também as que estão ao seu redor”, afirma a defensora Carolina Carvalho.
Defensoria da Saúde – A Defensoria Pública Especializada na Promoção e Defesa dos Direitos Relacionados à Saúde é o núcleo que presta atendimento jurídico gratuito à população no que se refere ao acesso a serviços públicos de saúde, o que inclui a saúde mental. Esta Defensoria também tem se dedicado ao trabalho de prevenção e enfrentamento ao suicídio de forma mais específica, atuando junto a outros órgãos e entidades especializados no assunto.
O defensor público Arlindo Gonçalves, responsável por essa Defensoria especializada, explica que é necessário separar o tema saúde mental, que é mais amplo, do tema suicídio, que é mais específico.
“No que se refere a suicídio, temos tido uma atuação próxima, tanto dos profissionais de saúde quanto da área da educação, onde existe um problema bastante delicado referente à ideação suicida entre crianças e adolescentes”, esclarece.
No ano passado, a Defensoria da Saúde realizou uma audiência pública em que foram ouvidos diversos relatos, tanto de pessoas que já passaram pelo problema da ideação suicida, quanto de quem perdeu familiares ou amigos, além de educadores da rede pública estadual e municipal, profissionais da área de saúde, das secretarias estadual e municipal de Saúde, Susam e Semsa, e pessoal da Segurança Pública.
“A partir da audiência, foi criado um Comitê de Prevenção e Combate ao Suicídio. Levamos a ideia ao Ministério Público Federal (MPF) para unirmos ações, porque o MPF iniciou uma atuação com foco no autismo, e a DPE já tinha essa ação referente ao suicídio. Propusemos ao MPF fazer essa ação conjunta sobre saúde mental, com foco inicial nessas duas frentes, autismo e suicídio”, afirma o defensor.
Arlindo ainda diz que estão sendo realizadas reuniões com entes públicos, sociedade civil organizada, secretarias de Saúde e Educação, municipal e estadual, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Uma reunião com cada ente.