No Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, comemorado neste 18 de abril, a Prefeitura de Manaus tem motivos para celebrar com a reabilitação promovida no centro histórico e centro antigo, reafirmando sua política de estímulo ao patrimônio edificado e especialmente ao cultural, que é a identidade do povo, sua memória e sua evolução. A data foi criada em 1982 e reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Com o “Nosso Centro”, a gestão municipal tem realizado investimentos no território, tendo iniciado obras com o complexo de São Vicente – mirante Lúcia Almeida, casarão Thiago de Mello e o próprio largo de São Vicente. Também há o projeto aprovado e pronto para licitar o casarão de São Vicente.
A intervenção, cujo projeto é assinado pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), vai se somar a um conjunto arquitetônico de grande relevância para a cidade, em razão da sua localização na rua Bernardo Ramos, uma das vias mais antigas da capital. Localiza-se em área de tombamento federal, na vizinhança de outros edifícios históricos, como o Centro Cultural Óscar Ramos, Museu da Cidade de Manaus, praça Dom Pedro II, Casarão da Inovação Cassina, Palácio Rio Branco, dentre outros.
Para a gerente de Patrimônio Histórico (GPH), do Implurb, arquiteta e urbanista Melissa Toledo, é importante conhecer que os monumentos são definidos por lei, por sua contextualização histórica, artística, cênica e própria monumentalidade. “Temos alguns monumentos na capital que são tombados pelo governo federal, como o Teatro Amazonas, o mercado municipal Adolpho Lisboa, o conjunto arquitetônico e paisagístico do porto de Manaus, o reservatório do Mocó. Os tombados pelo Estado, como a Faculdade de Direito, a igreja da Matriz, a igreja dos Remédios e o Palácio Rio Negro. E os sítios históricos, que são uma delimitação correspondente ao conjunto urbano pela Prefeitura de Manaus”, explicou Melissa.
A arquiteta contou que a capital tem dois grandes recortes históricos, associados ao desenvolvimento econômico vividos no “boom” do extrativismo da borracha, que criou a Belle Époque de Manaus; e o segundo momento, proporcionado pela criação da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Entre 1892 e 1896, no governo de Eduardo Ribeiro, houve um recorte, cujo maior monumento foi a construção do Teatro Amazonas. “Quando se fala do conjunto sítios históricos, falamos de cidade. Enquanto prefeitura, Implurb e Gerência de Patrimônio Histórico, temos uma missão que é a valoração deste ambiente, seus monumentos e a cidade que ali está funcionando. Urbanamente, a cidade tem a materialização histórica. Tem o ciclo da borracha, tem a estagnação, e um segundo ciclo econômico muito importante, a zona franca”, comentou a gerente.
A cidade representa o segundo ciclo na sua morfologia, com as edificações ecléticas e as verticais, como o prédio da antiga sede da Receita Federal e o edifício Cidade de Manaus. “Nosso papel é visar a preservação e conservação dos monumentos, mas também é o de reabilitar. São áreas no Centro que reúnem várias atividades e é necessário congregar esses valores, que são sociais, econômicos, históricos, simbólicos, dentro de um Centro tradicional. Reabilitar é uma composição de atividades, habilitando novos espaços, reabilitando a partir de novas funções, de outros usos, de políticas públicas, de incentivos e iniciativas privadas, tendo como foco as múltiplas funções urbanas, mas preservando a historicidade em um mesmo fragmento urbano, que é o centro histórico e o centro antigo”, disse Melissa.
A arquiteta e urbanista destacou que o dia internacional serve de reflexão em relação aos sítios urbanos sobre o território municipal, sua infraestrutura instalada, os moradores, os visitantes, que convivem com fragmentos subutilizados e que precisam de reabilitação. “Esta renovação é promovida por funções sociais, que vão desde vocações com ênfase em cultura, dentro do lazer, de novos negócios e habitação. Buscando a expressão da função da cidade versus a preservação e conservação dos monumentos e sítios históricos. Estamos tendo isso com o ‘Nosso Centro’, que vai reabilitar uma área com obras, que vão abrir a paisagem para o natural, que é o rio Negro, reunindo funções de gastronomia, negócios, cultura, arte, entre outras”.
Patrimônio
A valoração do patrimônio edificado das cidades, no caso de Manaus, tem a memória visível e protegida por lei, por exemplo, como pelo Decreto Municipal 7.176/2004, que estabelece o setor especial das Unidades de Interesse de Preservação localizado no centro antigo de Manaus, listando imóveis, área portuária e praças públicas.
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Texto – Claudia do Valle / Implurb
Fotos – João Viana/ Semcom