O terceiro dia de promoção das Pré-Conferências Distritais de Saúde reuniu, nesta quarta-feira, 15/3, representantes do controle social da zona Oeste de Manaus, entre gestores, trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A programação foi realizada na Universidade Paulista (Unip), na avenida Mário Ypiranga, no bairro Parque 10 de Novembro, sob a coordenação do Conselho Municipal de Saúde (CMS/Manaus) e da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
De acordo com o subsecretário de Gestão da Saúde da Semsa, conselheiro Djalma Coelho, as pré-conferências fazem parte da preparação da sociedade manauara para a 9ª Conferência Municipal de Saúde (9ª Comus), evento que será realizado no período de 20 a 23/3, com o objetivo de elaborar propostas e definir diretrizes para o planejamento das políticas de saúde no município.
“As conferências de saúde são espaços democráticos e quando acontecem em um município como Manaus, com uma população de mais de dois milhões de pessoas, é importante a realização das pré-conferências para garantir a representatividade da população das zonas Norte, Sul, Leste, Oeste e Rural. De um Distrito para outro, alguns temas são consensuais, mas outras situações são diferentes. A Pré-Conferência do Distrito Oeste é uma oportunidade para a discussão dos maiores problemas desse território, o que vai resultar em propostas que possam ser debatidas na Comus”, explicou Djalma Coelho.
Durante a pré-conferência, a diretora do Distrito de Saúde (Disa) Oeste, Socorro Furtado, também lembrou que a Comus é um movimento que acontece a cada quatro anos, dando continuidade ao resultado do trabalho das conferências anteriores, promovendo discussões para a melhoria dos serviços de saúde e integrando trabalhadores, gestores e usuários do SUS.
“O Disa Oeste tem 17 Unidades de Saúde e 16 delas já têm Conselhos Locais de Saúde constituídos. Fizemos um movimento para envolver os conselheiros locais na pré-conferência, que deve eleger 100 delegados para participação na 9ª Comus”, informou Socorro Furtado.
Na programação da Pré-Conferência do Disa Oeste, houve um painel abordando o tema “Garantir direitos e defender o SUS, a vida e a democracia – Amanhã vai ser outro dia”, que também é o tema central da 17ª Conferência Nacional de Saúde, marcada para o período de 2 a 5/7.
Também foi organizado um debate em quatro eixos temáticos: O Brasil que temos. O Brasil que queremos; O papel do controle social e dos movimentos sociais para salvar vidas; Garantir direitos e defender o SUS, a vida e a democracia; e Amanhã será outro dia para todos, todas e todes.
No eixo “O Brasil que temos. O Brasil que queremos”, a debatedora foi a assistente social Wanja Leal, mestre em Serviço Social e Sustentabilidade. “O objetivo é promover uma reflexão sobre o Brasil que temos, que é um país continental, uma potência econômica, mas que não consegue ser justo socialmente e é extremamente desigual. Quando as pessoas não têm condições adequadas de vida, de sobrevivência ou de renda, isso impacta diretamente nos padrões de saúde”, destacou.
A assistente social afirmou ainda que é importante lembrar que a 17ª Conferência Nacional de Saúde vai ocorrer em um contexto completamente diferente de outras conferências. “O país passou quatro anos com o desmonte de políticas públicas, de avanço do autoritarismo e do conservadorismo, que impactam diretamente nas camadas mais pobres da população. O que a gente espera agora é a retomada de um projeto que seja realmente popular, que se volte para realidade das pessoas e a transformação dessa realidade”, afirmou.
Para a professora Ângela Xavier Monteiro, coordenadora institucional do Programa do Mestrado Profissional em Saúde da Família da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que conduziu o debate sobre o eixo temático “Garantir direitos e defender o SUS, a vida e a democracia”, também é importante promover a reflexão sobre o SUS e os impactos das desigualdades em saúde.
“É necessário refletir sobre as questões de iniquidades, desigualdades, que são evitáveis por meio de políticas públicas, sociais e econômicas. Temos que refletir sobre o atual cenário em termos da desigualdade social, que não é fruto exclusivamente dos últimos dois anos da pandemia, mas de um processo que já vem de quatro, cinco anos, através da desconstrução de políticas sociais e que colaborou para criar desigualdade social e tem impacto na saúde da população. A partir dessa reflexão, a gente espera que os participantes possam elaborar propostas de forma conjunta e avaliando todas as possibilidades”, afirmou Ângela Monteiro.
Programação
Como etapa preparatória para a 9ª Comus, foram organizadas cinco Pré-Conferências Distritais de Saúde. Além da etapa do Disa Oeste, já foram realizadas as Pré-Conferências dos Disas Rural e Leste. A programação terá continuidade nesta quinta-feira, 16/3, com a Pré-Conferência do Disa Sul, das 7h às 17h, na Universidade Paulista (Unip), na avenida Mário Ypiranga, no Parque 10 de Novembro, zona Centro-Sul.
A etapa do Disa Norte será realizada na igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, na avenida Sálvio Belota, nº 333, bairro Novo Aleixo, no dia 17/3.
O presidente do CMS/Manaus, conselheiro Lindomar Barone de Souza, explica que em cada pré-conferência haverá a eleição de delegados para participação na 9ª Comus, sendo 50 delegados da zona Rural e 100 delegados em cada etapa da zona Urbana de Manaus.
“A programação está ocorrendo dentro do esperado, os debates estão sendo de alto nível, com a elaboração de propostas e diretrizes que serão avaliadas e poderão ser apresentadas para discussão na 9ª Comus”, informou Barone Souza.
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Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa
Foto– Henrique Souza /Semsa