A literatura é capaz de transformar vidas. Partindo desse princípio, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), vai viabilizar a publicação da autobiografia de um interno do Centro Socioeducativo Senador Raimundo Parente, localizado no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus.
Obra será publicada nos próximos meses, com apoio do Governo do Estado
De acordo com a secretária Mirtes Salles, titular da Sejusc, uma das metas do Governo do Amazonas é fazer com que sejam cumpridas as diretrizes propostas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Intitulado “A vida é um desafio”, o livro conta a história do interno desde a infância até a atualidade, incluindo o cumprimento da medida socioeducativa. A obra, em fase de finalização, será publicada por uma editora paulista nos próximos meses.
Segundo o secretário executivo de Direitos da Criança e Adolescente da Sejusc (Sedca), Emerson Lima, responsável pela gestão das unidades socioeducativas, os técnicos observaram que o interno tinha o sonho de escrever a biografia, e, a partir daí, procuraram uma editora para viabilizar os procedimentos para a publicação.
“Temos que socializar e educar os nossos adolescentes. Eles entram no sistema por um motivo, mas podem sair com novas perspectivas, estudando, aprendendo uma profissão. Estamos aqui para ajudar a construir um futuro melhor a todos os internos”, destacou Mirtes.
O secretário ainda destaca o trabalho realizado nos Centros Socioeducativos administrados pela Sejusc.
“Esse processo durou uns seis meses. Toda semana, as equipes de psicólogos, pedagogos e diretores que acompanham o interno se reuniam de forma virtual com os técnicos da editora. Hoje já temos o livro pronto e estamos esperando uma data para assinatura do contrato com a editora”, disse.
Perspectivas
De acordo com o adolescente, a ideia de passar para o papel a sua própria surgiu por meio da sugestão de uma antiga diretora da unidade socioeducativa.
“Isso representa uma vitória para o Estado, uma vez que temos a responsabilidade de devolver para a sociedade esses adolescentes melhores do que ingressaram no sistema. Procuramos não olhar para o ato infracional que cometeram, e sim, ressocializá-los. Estamos devolvendo os adolescentes com uma nova visão do seu papel na sociedade”, completou.
Com o livro, o jovem explica que conseguiu dialogar mais com as pessoas e contar sobre as situações de sua vida que anteriormente ele preferia esconder.
“Ela me deu um lápis e um caderno, e eu ia escrevendo cada dia um pouquinho. Fui escrevendo os acontecimentos desde os 2 dois anos de idade em diante”, afirmou.
“Não é fácil, um adolescente colocar no papel a sua própria história não é fácil. Nunca pensei em escrever algo assim, publicar um livro, falar da minha própria vida. Eu era muito fechado, pude abrir um pouco, conversar, dialogar. Tenho orgulho de mim e das pessoas que me ajudaram. Isso vai me ajudar muito no futuro, é uma grande conquista”, concluiu.
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Por Agência Amazonas
FOTOS: Raine Luiz/Sejusc