Um dia depois da grande retomada histórica do espaço sagrado dos índios, com a inauguração do Memorial Indígena de Manaus, a praça Dom Pedro II, no centro histórico, entregue pelo prefeito David Almeida no dia 19 de abril, Dia do Índio, voltou a ser frequentada pela população, que aproveita o cenário para tirar fotos e passear com a família e amigos.
A presença ostensiva de guardas municipais e da Polícia Militar, vigilantes em manter a ordem na praça, que antes era espaço de crime, tráfico, prostituição e abrigo de moradores de rua, foi o que atraiu um jovem pai e sua filha de dois anos a conhecer e brincar no espaço. O mecânico Mário Jorge Costa, 24, disse que aproveitou o tempinho de espera para buscar a esposa no trabalho, e trouxe a pequena Catarine Manuelle para conhecer e correr pelos monumentos históricos como coreto, chafariz e bancos. “Antes nós não saíamos do carro, porque o ambiente era muito sinistro”, contou.
A alguns metros, duas jovens faziam poses para um fotógrafo, tendo como cenário os monumentos e jardins da praça, agora também oficialmente reconhecida como Aldeia da Memória Indígena de Manaus.
As amigas Suzi Farias e Jordana Farias são digital influencers e estavam produzindo fotos e vídeos para seus perfis de moda nas redes sociais. Elas foram atraídas pela beleza cênica da praça com monumentos e prédios históricos no estilo neoclássico. Quando souberam que agora a praça também era um território sagrado e memorial indígena, disseram que a história do lugar vai enriquecer ainda mais suas postagens.
Ao mesmo tempo em que as instagramers davam entrevista, um casal namorava tranquilamente num banco próximo a elas, enquanto os guardas municipais Jander Vilaça e Andrey Santos faziam a ronda na praça. Eles contaram que tiveram um treinamento especial para cuidar da segurança do patrimônio histórico e garantir a circulação dos frequentadores.
Para o presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Tenório Telles, a reação imediata da população em voltar a frequentar a praça histórica e território sagrado indígena é uma atitude de pertencimento, que prova o acerto do prefeito David Almeida em valorizar, revitalizar e resgatar o marco zero de nossa cidade e nossa história.
“Esta praça histórica e memorial indígena transforma-se num espaço de reverência, de acolhimento das populações indígenas e também um espaço em que a população em geral se reencontra com a sua cidade, porque tem segurança, um ambiente acolhedor, e dessa forma testemunhamos uma experiência de transformação de nossa cidade”, analisou.
Ele explicou que o centro histórico passa a ser um projeto-piloto de reocupação do espaço urbano pela população; e no caso da praça é a descoberta de um espaço artístico para fotógrafos, documentaristas e os jovens que trabalham com mídias sociais. “A praça volta a ser frequentada pelas famílias e pelos namorados, voltando a ser um lugar de convivência e amorosidade”, disse.
O presidente da Manauscult, Alonso Oliveira, prepara uma pauta que em breve será anunciada, com uma programação artístico-cultural, com apresentações de música, recitais de poesia, lançamentos de livros, gravação de programas, exposições, rituais indígenas e com lives transmitindo tudo.
“Vamos fazer deste lugar um centro de produção e divulgação da diversidade cultural da nossa cidade, sobretudo, agora com o reconhecimento da nossa ancestralidade”, finalizou.
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Texto – Cristóvão Nonato / Manauscult
Fotos – Divulgação / Manauscult