A construção de uma cidade melhor para todos é um dos pontos de partida do amplo programa da gestão do prefeito David Almeida para a revitalização do Centro Histórico da capital amazonense. Os investimentos da Prefeitura de Manaus sobre o tema foram expostos pelo diretor do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro, durante sua apresentação no Encontro Regional Manaus do Connected Smart Cities & Mobility, iniciativa da Necta, debatendo sobre as iniciativas de smart cities, nesta terça-feira, 6/4, de forma on-line.
O diretor do Implurb afirmou que dentro desta cidade melhor para se viver, arquitetura, urbanismo, planejamento urbano e transformação do ambiente, se concentrando na humanização, mobilidade e mix de usos, são cada vez mais essenciais.
“Dentro da revitalização temos o Plano Habitacional para o Centro, que parte da premissa que deve ter habitação para todos, de todas as classes, onde possa ser proporcionada moradia tanto para uma pessoa que trabalha na área de limpeza quanto para um diretor de uma grande rede de lojas varejistas, por exemplo. Isso é algo que nunca aconteceu em nenhum governo, proporcionar esse tipo de política pública relacionada à habitação. A ideia é exatamente colocar as pessoas de volta ao Centro para morar e essas pessoas, para facilitar a mobilidade, devem trabalhar no bairro, para que possam tanto utilizar a mobilidade ativa que falamos. A caminhabilidade, a ciclomobilidade, os pequenos deslocamentos”, explicou o diretor de Planejamento.
Mancha urbana
Na apresentação, Pedro Paulo exibiu mapas da capital com as manchas urbanas de dois períodos distintos para mostrar a densidade populacional. No período de 1669 a 1920, havia uma densidade de 107 habitantes por hectare (ha), em um trecho de 706,90ha, o que reduziu consideravelmente entre 1980 e 2014, para apenas 42 hab/ha numa área muito mais extensa de 43,8 mil ha.
“A baixa densidade urbana e o espraiamento causam problemas principalmente na oferta de serviços públicos pela Prefeitura de Manaus. O que se viu foi uma deformação do tecido urbano no final do primeiro grande ciclo econômico, com o crescimento da cidade mais de 60 vezes, desordenado, trazendo problemas ambientais de vários níveis e poluição dos igarapés”, afirmou.
“Nosso Centro”
Na antítese do urban sprawl (espraiamento urbano), surge o programa “Nosso Centro”, uma das metas dos 100 dias de gestão do prefeito David Almeida.
Com um belo patrimônio arquitetônico e cultural, o Centro passa a ter grandes eixos de desenvolvimento: “Mais Vida”, “Mais Negócios” e “Mais História”. Um grupo de trabalho que envolve técnicos do Implurb, das secretarias municipais do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi) e de Finanças e Tecnologia da Informação (Semef), além da Fundação de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), está realizando reuniões para consolidar o plano.
Voltando ao ponto de origem do nascimento da capital, no cinturão da Ilha de São Vicente, com olhares e perspectivas resilientes, focada em comunidade conectada e sustentabilidade, o “Nosso Centro” será um plano piloto para o crescimento inteligente, mobilidade ativa, estímulo a negócios, uso e reuso de espaços vazios, movimento de arte, cultura e lazer, e melhoria de infraestrutura.
“Ao mesmo tempo em que se revitaliza um imóvel abandonado, está se dando uma nova função social a um prédio, mas também está havendo redistribuição das pessoas no território. Geralmente pessoas de baixo poder aquisitivo moram em áreas periféricas e sofrem principalmente com o deslocamento na cidade”, comentou Pedro Paulo.
Ao implantar habitação próximo ao local de trabalho das pessoas, aproximando moradia e atividade, se tem um ganho de qualidade de vida, há potencialização de novos usos mistos de comércio, serviços e qualificação de áreas públicas. “A mobilidade não pode ser olhada apenas pelo deslocamento e transporte de pessoas e cargas. Tem que ser olhada pela questão social. Se uma pessoa leva quatro horas no trânsito para ir e voltar do trabalho, todos os dias, em uma década terá passado um ano dentro de um ônibus”, comparou o diretor do Implurb.
“Vamos dinamizar o território. Esse é o grande objetivo do plano habitacional do prefeito David Almeida, um plano piloto, para ser replicado em outras áreas. Precisamos reocupar a cidade. E reocupar com soluções inteligentes, práticas sustentáveis, uso de energia solar, reuso de água da chuva”, comentou o arquiteto e urbanista palestrante.
Exemplo
Várias metrópoles e grandes cidades mundiais se tornaram referência do tipo de programa pensado para o “Nosso Centro”, implantando o conceito de livability, ou locais mais agradáveis para se viver. Uma delas é a cidade australiana de Melbourne, que passou por transformações nos últimos 15 anos que modificaram o espaço, incluindo segurança, saúde, a facilidade de caminhar, construção de edifícios habitacionais e uma rede comercial de apoio.
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Fotos – Divulgação / Reprodução Implurb
Texto – Claudia do Valle / Implurb