De um lado, governos e especialistas da área de Saúde defendendo o isolamento como forma de prevenir novas ondas de contágio. Do outro lado, empresários e trabalhadores de todos os setores clamando pelo fim das restrições e a retomada da economia. E, no centro disso tudo, a população, manifestando-se abertamente nas redes sociais, criticando as medidas tomadas pelas autoridades e, ao mesmo tempo, lamentando a perda de entes queridos para a terrível doença. Mas, afinal, o confinamento é, ou não, necessário para frear o avanço da contaminação por Covid-19?
Na verdade, já que tudo é novidade para todos, somente a história provará onde acertamos e onde erramos na condução das ações contra o coronavírus. O fato é que, desde o surgimento dos primeiros casos, o que percebemos é que a livre circulação de pessoas causa um aumento significativo nos números de infectados, ao mesmo tempo em que os períodos de confinamento são seguidos de baixas drásticas na curva de contaminação.
É o que está acontecendo, por exemplo, em Portugal. Neste momento, o país registra uma queda abrupta nos números de contágio. Pela segunda semana consecutiva, a Direcção-Geral da Saúde divulga dados animadores, com o registro de redução de 46% no número de cidades no nível de “risco extremamente elevado”. O boletim desta segunda-feira (15/02), apresentou a incidência cumulativa nos 14 dias de (27 de Janeiro a 9 de Fevereiro).
Dos 308 municípios do país, 290 registaram uma diminuição do número de novos casos por cem mil habitantes, o que corresponde a 94%, uma percentagem superior à da última semana, quando se observou uma diminuição da incidência cumulativa em 197 territórios (64%).
Para o virologista português Pedro Simas, o sucesso do período de confinamento poderá colocar o país entre um dos melhores do mundo a controlar a terceira onda da pandemia. “Fomos dos melhores do mundo no primeiro confinamento, os piores na origem da terceira vaga (onda) e vamos ser um dos países do mundo que mais depressa conseguiu controlar a terceira vaga (onda) porque de fato houve uma adesão fantástica ao confinamento e o resultado está à vista”, disse o virologista do Instituto Molecular da Universidade de Lisboa, em declarações à Agência Lusa.
Para se ter uma ideia da eficiência e importância do confinamento, no período de 28 de Janeiro a 6 de Fevereiro, Portugal passou de uma média de 12.890 casos para 7.270 casos, ou seja, uma redução de quase a metade em apenas duas semanas.
O virologista destaca que agora é importante aprender com o passado recente e definir medidas cautelosas para o processo de desconfinamento. Ele alerta para a possibilidade de uma nova onda, lembrando que foi o relaxamento das medidas restritivas antes, durante e após o Natal de 2020 que provocou o aumento assustador da contaminação em Portugal neste início de ano.
Portugal está em regime de lockdown desde o último dia 15 de janeiro e as medidas restritivas seguirão até dia 1º de março.
FONTE: Portal PÚBLICO e Agência Lusa