A reunião on line “Diálogos” que é promovida pelo Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (NEAI/PPGAS/Ufam), conta com a parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Amazonas (IPHAN/AM). O encontro acontece nesta sexta-feira, 9, às 15h (horário de Manaus) por meio da plataforma Google Meet.
Na Reunião “Diálogos”, o antropólogo do IPHAN/Amazonas, Mauro Augusto Dourado Menezes apresenta o cenário de construção de reconhecimento do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro como Patrimônio Cultural do Brasil, em que busca divulgar o cenário atual de ações e demandas do Instituto, a fim de estabelecer um diálogo entre o IPHAN/AM e a Ufam, por meio do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), como forma de criar elementos de sinergias para o desenvolvimento de ações e investigações que permeiem o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro.
De acordo com o pesquisador, no ano de 2010, o IPHAN reconheceu o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro como Patrimônio Cultural do Brasil. O registro está relacionado aos saberes tradicionais associados às formas de produzir alimentos, os hábitos alimentares, o manejo dos espaços, domínio de espécies de plantas e seus cultivos, além de toda a cultura material como utensílios e instrumentos de trabalho utilizados. O território de ocorrência, relacionada ao bem cultural patrimonializado, abrange os municípios Santa Isabel, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, envolvendo aproximadamente 80.000 pessoas e 23 etnias indígenas.
Ele disse ainda que, conhecido como patrimônio cultural imaterial, o SAT-RN é constituído de referências da cultura, da memória e da identidade do povo brasileiro. Compreende os saberes tradicionais associados às formas de produzir alimentos, nos hábitos alimentares, no manejo dos espaços, domínio de espécies de plantas e seus cultivos, além de toda a cultura material como utensílios e instrumentos de trabalho utilizados, como referências da cultura da Região do Rio Negro, no Amazonas.
O bem registrado está relacionado aos povos Tukano, Tesena, Kubeo, Pira-Tapuya, Aruak, Baniwa e Baré, dentre outros, que são detentores de uma diversidade de processos em várias escalas: ecológicas, biológicas, socioculturais e temporais, aplicadas a ecossistemas, plantas, conceitos e saberes. Nas três localidades estudadas, por exemplo, foram levantadas 300 espécies cultivadas, sendo 100 delas variedades de mandioca – elemento central do SAT. Estas atividades estão relacionadas, não somente a vida produtiva, mas também simbólica da região: a agricultura tem relação direta com as práticas do universo cosmológico dessas comunidades, explicou o antropólogo.
NEAI
O Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) é um grupo de pesquisas que reúne, em seu núcleo estruturante, professores e estudantes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), contando, especialmente, com a presença de estudantes e pesquisadores indígenas. O núcleo conta também com a colaboração de professores e pesquisadores de outros programas e instituições. O NEAI desenvolve projetos de pesquisa e extensão e uma série de atividades acadêmicas, visando a produção de conhecimentos, que possa contribuir para uma melhor compreensão da complexa realidade cultural amazônica.