A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) promoveu o retorno do ano letivo para os internos do sistema prisional do Amazonas, nesta semana, após período de suspensão em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O término se dará somente em abril do próximo ano, visto que as aulas estão sob ”calendário especial”, seguido do início do ano letivo de 2021.
Nessa primeira semana de aula, os professores estão realizando testes para levantamento e diagnóstico do nível de conhecimento dos novos alunos, tendo o objetivo de melhor planejar e elaborar as didáticas e metodologias de ensino, conforme as dificuldades desses reeducandos.
O primeiro atrativo para o interesse dos internos no estudo se deve à inserção no programa de remição de pena pelo estudo, como explica a professora Raimunda Moraes. “A maioria dos detentos vem, em primeiro lugar, pela remição de pena. Mas vai de nós, professores, fazer com que esse aluno passe a ter o interesse pelo que nós apresentamos em sala de aula, de forma a incitar e cativar o amor ao estudo e ao aprendizado. Por isso, eu enxergo a nossa profissão como um sacerdócio”.
Os alunos do sistema prisional são ensinados dentro da proposta metodológica do programa de ensino Educação de Jovens e Adultos (EJA), que divide os ensinos Fundamental e Médio em seis fases. Este ano, foram 618 inscritos para as aulas, preenchendo todas as fases do programa.
O interno Adriano (nome fictício), de 43 anos, conta que estudou até o 8° ano do Ensino Fundamental, mas que agora percebe a possibilidade de pôr em prática um antigo sonho. “Eu não cheguei a terminar o ensino fundamental, cometi alguns erros, o que me fez vir parar aqui dentro. Mas, desde jovem eu tinha o sonho de trabalhar como Relações Públicas. E agora vejo que é a minha chance de concluir os estudos para, futuramente, ingressar numa faculdade”, avaliou.
Preparação – Na semana passada, houve um treinamento com os professores, e uma equipe foi formada para supervisionar todos os espaços escolares dentro das unidades. Composta pela diretora da Escola Estadual Giovanni Figliuolo (Seduc), Kelly Cerquinho, pela coordenadora de Saúde do Sistema Prisional do Amazonas (CSSPAM), Alyne Botelho, e pela diretora da Escola de Administração Penitenciária (Esap), Sônia Cabral. “Para que pudéssemos começar as aulas, visitamos cada uma das unidades, verificando se estava tudo pronto e de acordo com as normas e orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o enfrentamento da Covid-19. Só então, liberamos o retorno”, informou Sônia.