Após assumir a gestão do Hospital Francisca Mendes, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) dá prosseguimento ao plano de ação para ampliação de procedimentos eletivos – cirurgias cardiovasculares, e serviços ambulatoriais. A meta é ampliar a oferta gradualmente até retomar a média de janeiro, antes da pandemia do novo coronavírus, quando eram realizados cerca de 50 procedimentos cirúrgicos por mês.
Na unidade, referência no atendimento cardiovascular e neurovascular, as cirurgias não pararam na pandemia, mas tiveram de ser reduzidas, a partir de março, tanto em função da Covid-19 quanto por conta da transição de gestão. Para resguardar a segurança de pacientes internados, foram priorizados atendimentos de emergência e adiados os procedimentos com agendamento, tendo em vista que pacientes cardíacos são do grupo de risco, além de levar em conta os protocolos definidos para procedimentos eletivos.
Entre março e junho, conforme balanço da unidade, 72 cirurgias cardiovasculares foram realizadas no Francisca Mendes. Em junho, no primeiro mês da unidade sob a gestão da Susam, foram feitas 24 cirurgias. Para julho, a meta é ultrapassar 30 procedimentos/mês, podendo aumentar com o reforço, nesta semana, no fornecimento de Órteses, Próteses e Materiais Especiais e na medida em que a secretaria for equacionando a regularização de contratos.
O diretor do Hospital Francisca Mendes, Braz Santos, afirmou que, no primeiro mês sob a gestão da Susam, foi superada a meta de retomar 50% da capacidade operacional do hospital conforme o contexto anterior à pandemia.
“Esse nosso primeiro mês em que a Susam assume a gestão do hospital, apesar de todas as circunstâncias e de todo o cenário, considero que foi muito positivo em relação ao que a gente vinha produzindo antes e durante a pandemia. Apesar da gente ter suspendido vários serviços na pandemia, como ambulatórios e as próprias cirurgias eletivas, chegamos a fazer 50% do que a gente estava produzindo em tempo normal”, disse.
Ainda conforme o diretor, a meta é aumentar a quantidade de procedimentos até chegar a realização de 55 cirurgias cardiovasculares por mês – 40 em adultos e 15 pediátricas, e 180 consultas médicas semanais em ambulatório de cardiologia geral, além dos procedimentos da hemodinâmica – cateterismo, colocação de marca passo, entre outros.
A prioridade continua sendo o atendimento de urgências, mas os pacientes que estavam agendados antes da pandemia já estão sendo chamados. Célia Guerreiro Ribeiro, 47 anos, quase não acreditou quando recebeu a ligação do hospital chamando a filha Samantha Gonzaga, 12 anos, a se internar para fazer a cirurgia que aguardava há três anos e meio, quando foi diagnosticada com “sopro” no coração.
“Quando a Samantha entrou (no centro cirúrgico), eu fiquei com o coração acelerado. Sofrimento, né? Mas um alívio quando vi minha filha. Nossa, valeu a pena, tá valendo!”, comemorou. A cirurgia de Samantha de correção de CIV aconteceu no último dia 24 de junho e, quatro dias depois, a paciente se recuperava bem na enfermaria da unidade.
No mesmo dia, Lohanna Gabrielly Passos, de 12 anos, realizou a cirurgia de drenagem anômala de veias pulmonares. Na enfermaria, onde acompanha a neta em recuperação, a avó Silvana Santos da Silva, 50 anos, comemorava o fim da espera de dois anos e meio após o diagnóstico da cardiopatia congênita de Lohanna.
“Agora, eu enxergo pra ela um futuro promissor. Para ela fazer tudo que ela gosta porque ela teve muita limitação. Não podia mais jogar bola e fazer as brincadeiras que gosta – pula-pula, capoeira, futsal. Tudo isso foi tirado”.
Reorganização de serviços – Sob a gestão da Susam desde o dia cinco de junho, quando encerrou o contrato com a Fundação de Apoio Institucional Rio Solimões (Unisol), o hospital passou por um processo de reorganização no primeiro mês.
A secretaria precisou absorver os funcionários da Unisol, fazendo a contratação direta de mais de 360 trabalhadores. Da mesma forma, está contratando as empresas de serviços que eram ligadas à instituição, bem como regularizando os pagamentos de todos os fornecedores.
A Susam vai gerir a unidade por 90 dias, a partir de junho, até a definição do novo modelo de gestão para o hospital.
Materiais e medicamentos – Após assumir a gestão do Hospital Francisca Mendes, a Susam reforçou, nesta semana, o abastecimento de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPMEs) utilizados em cirurgias e procedimentos cardiovasculares, além de medicamentos e produtos para a saúde. Entre terça-feira (14/07) e quarta-feira (15/07), foram entregues pelos fornecedores mais de 200 materiais para cirurgias cardíacas adulto, pediátricas e neonatais. Também estão sendo entregues materiais para procedimentos de hemodinâmica como cateterismo, angioplastia e colocação de marca-passo.
Com a chegada de novos materiais cirúrgicos, a Susam colocará em prática o planejamento para ampliar a oferta de procedimentos. Entre as OPMEs entregues estão conjuntos de Circulação Extracorpórea (CEC), kits de prótese mecânica, válvula biológica mitral e pach pericárdio para cirurgias coronarianas. Os fornecedores também entregaram materiais de embolização como marca-passo, grades de stents, microbalão, microguia, entre outros.
A Susam também regularizou, em curto espaço de tempo, o abastecimento de medicamentos e de produtos para a saúde na unidade. Segundo a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), o estoque da unidade estava com 93% de medicamentos e o de químicos cirúrgicos em 85% nesta quarta-feira.