A capital amazonense teve redução de 38% nos registros de crimes cometidos contra crianças e adolescentes no primeiro semestre de 2020. Foram 5.237 de janeiro a junho deste ano, contra 8.478 registros em igual período do ano passado, conforme dados do Sistema Integrado de Segurança Pública. A queda, no ano em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 30 anos, está ligada à quarentena neste período de pandemia do novo coronavírus, conforme a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
Titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), a delegada Joyce Coelho diz que o isolamento social contribuiu significativamente para a redução nos registros, uma vez que estes crimes – a exemplo da violência contra mulheres – têm na própria casa, um dos principais locais.
“Os crimes contra crianças e adolescentes são praticados, na sua maioria, por familiares. Então, quer dizer que elas ficaram em isolamento com seus agressores. A criança quando é abusada por familiares só fala sobre o crime em ambientes externos, como na escola, por exemplo”, disse a delegada.
Desde o início da pandemia, também houve menos relatos destes crimes ao Departamento de Prevenção à Violência (DPV) da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). Nas ações voltadas a este público, nas escolas, as vítimas falavam sobre os crimes. Com a pandemia, as ações foram reduzidas e o departamento segue com atendimentos psicossociais, conforme o coordenador do DPV, capitão Diego Paiva.
“Damos acompanhamentos psicossociais às crianças. Muitas vezes, esse atendimento, na Secretaria, é continuidade de um atendimento feito nas escolas. Nos casos mais graves, a gente dá apoio e aciona a escola para fazer acompanhamento, bem como o Conselho Tutelar também”.
ECA – Nesta segunda-feira (13/07), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) comemorou 30 anos. “O grande avanço do Estatuto foi personificar a criança e o adolescente como sujeitos de Direito. Como órgão de defesa e responsabilização de Polícia Judiciária, a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente atua diariamente no combate aos crimes descritos no ECA. Defendemos que mais direitos sejam agregados a esse estatuto tão importante”, disse a delegada Joyce Coelho.