Bombeiros militares relembram ocorrências marcantes do segundo corpo de bombeiros mais antigo do Brasil
O Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) comemora neste sábado (11/07) 144 anos de existência. Assim como no Dia Nacional do Bombeiro Militar (2 de julho), a instituição permanece em clima de reflexão e principalmente de gratidão com relação à saúde de seus combatentes, e os militares relembram conquistas e ocorrências marcantes durante suas trajetórias no segundo corpo de bombeiros militar mais antigo do Brasil.
Com mais de 30 anos de carreira militar, o chefe de Estado Maior, coronel BM Jair Ruas Braga, de 52 anos, relembra sua chegada na corporação. “Quando criança sonhava em ser militar. Ainda não pensava especificamente em ser bombeiro, mas eu queria ter uma carreira militar e me doar ao próximo”, recorda.
Braga foi soldado, cabo e sargento do Exército Brasileiro até ingressar na Polícia Militar do Amazonas, em 1991. Ainda enquanto sargento, surgiu a oportunidade de um concurso público para a carreira de oficiais. “Lembro-me como se fosse hoje, minha mãe com todo o carinho e conselho disse: ‘Esse é o teu sonho! Estude e faça essa prova!’. Fui aprovado e me formei na Academia de Polícia Militar do Estado do Pará. Quando surgiu a oportunidade, vim para o Corpo de Bombeiros, na época uma diretoria da PMAM. Aqui, me encontrei como profissional”, relatou.
O chefe de Estado Maior destaca uma busca e resgate em ambiente de selva, em 2006, como uma das ocorrências marcantes de sua carreira. “Cinco executivos de uma empresa de Manaus foram realizar um passeio de caiaque tentando chegar ao município de Rio Preto da Eva. Foram quatro dias de buscas. Todos foram resgatados com vida. Essa é a nossa maior satisfação: salvar vidas. O bombeiro é um herói, e firmo minha profissão naquele versículo bíblico do livro de João 15:23: ‘Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos’”, conta o oficial superior.
Outro destaque foi do subcomandante do Comando de Bombeiros do Interior (CBI), major BM Marimar Machado Marques. Com 50 anos de idade e 29 de serviços prestados para a corporação, em sua carreira o militar se especializou em bombeiro de aeródromo, salvamento em altura e foi destacado para Departamento da Força Nacional de Segurança Pública, onde trabalhou durante a Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude.
“A (ocorrência) que ficou mais viva em minha memória foi a queda de uma aeronave em 2004, na qual 33 pessoas morreram. Não há nada mais frustrante para um bombeiro que chegar à ocorrência e não encontrar sobreviventes. E esse foi um dia. O acesso foi por meio do helicóptero do Exército, e tivemos que descer de rapel para chegar até a aeronave e retirar os corpos. Foram muitas horas removendo as vítimas para entregar às famílias”, conta o major.
Já a cabo BM Ana Lilian Braga, 31, é oriunda da área de educação, prestou concurso para o CBMAM e encontrou o seu lugar como profissional. A bombeiro militar é especialista em resgate, atendimento pré-hospitalar e salvamento veicular. Em sua carreira, um acidente trágico na avenida do Turismo figura entre as ocorrências mais marcantes.
“Fomos acionados por volta de 6h, e no local da ocorrência todas as cinco vítimas do veículo estavam em óbito. É um sentimento frustrante, pois quando somos acionados para atender, ficamos na expectativa de que todos estejam vivos e que consigamos salvar as vítimas com vida. No veículo, todos eram jovens entre 18 e 25 anos, havia garrafas de bebidas alcóolicas. Pensava muito nos pais deles. Eles [jovens] tinham todo um futuro pela frente, mas perderam a vida”, disse Ana Lilian.
Segundo mais antigo – No dia 11 de julho de 1876, por meio da Portaria nº 268-1ª Seção, sancionada por Nuno Alves Pereira de Mello Cardoso, presidente interino da Província, surgia a diretriz para que fossem observadas “as instruções para o serviço de extinção de incêndios”. O documento deu origem ao que futuramente viria a ser o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas.
O cumprimento da ordem pública coube ao então capitão Joaquim Leovigildo de Souza Coelho, na época diretor de Obras Públicas. O CBMAM, por sua criação em 11 de julho de 1876, é assim considerado o segundo corpo de bombeiros mais antigo do Brasil.