“É uma grande parceria entre professores e mães”, definiu Cristiane Coutinho, 31, mãe do Elias Teixeira, 7, estudante da rede municipal que recebe atividades a distância, com conteúdos adaptados do programa “Aula Em Casa”. Atualmente, as unidades educacionais da Prefeitura de Manaus atendem mais de seis mil alunos na educação especial e, aproximadamente, 2.700 crianças recebem o atendimento pedagógico especializado, assim como Elias.
“Essa é uma iniciativa que garante aos estudantes da educação especial, principalmente com dificuldade de acesso às plataformas digitais e TV aberta, um acompanhamento das aulas, sem que tenham quaisquer prejuízos e, assim, possam continuar o ano letivo, mesmo no período de pandemia. Aqui, um reconhecimento de minha parte às mães, pais, responsáveis pelas crianças e também aos professores, que merecem todo nosso carinho”, elogiou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, grande incentivador da melhoria na educação e formação de cidadãos mais conscientes de seus deveres.
Elias é aluno da turma especial da escola municipal Rubem Peixoto, localizada no bairro Jorge Teixeira, zona Leste. Ele tem como diagnóstico médico a síndrome de Mowat Wilson, que implica em alterações genéticas, tendo como características mais visíveis os atrasos de desenvolvimento físico e cognitivo.
Sua mãe, Cristiane, explicou que, por meio de aplicativos de mensagens instantâneas, mães e professores trocam experiências que contribuem para o aprendizado dos alunos. “Tivemos que desenvolver a nossa criatividade como mães. No grupo, todo mundo se ajuda. Quando uma de nós está com dificuldade, as outras sugerem ideias que já deram certo, seguindo as dicas da professora. É uma grande parceria”, destacou.
A partir das atividades aplicadas, Elias aprendeu a contar de 1 a 100, já reconhece os números, decorou todo o alfabeto e, inclusive, já aprendeu a juntar e escrever algumas palavras. Além disso, o jovem possui habilidades de adição e conhece as cores. Todas essas são vitórias relatadas por Cristiane.
“Outro dia mandei um vídeo para a professora, quando coloquei ele para formar palavras. Nesse vídeo, eu fiz com ele a junção das letras e ele reconheceu tudo, colocando em ordem correta. Eu até chorei. A professora viu e também ficou superfeliz, nos parabenizou”, detalhou a mãe, que também é bailarina.
A professora em questão é Shirley Tavares, servidora da Secretaria Municipal de Educação (Semed) há 18 anos, sendo quatro deles dedicados à educação especial, na escola Rubem Peixoto. Ela explicou que procura adaptar as atividades do “Aula Em Casa” da forma mais didática possível, enviando o conteúdo por meio de texto, fotos, áudios e, até mesmo, vídeos.
“Se eu simplesmente lesse um texto, eles não teriam tanto entendimento como colocar algo prático. Então, eu uso materiais recicláveis mesmo. Tampinhas, quadros, palitos de picolé e de fósforo. Isso é reproduzido por eles, a distância, e tem gerado um bom retorno”, descreveu a professora, acrescentando que se coloca à disposição para sanar qualquer dúvida dos pais ou responsáveis.
Ainda segundo Shirley, o feedback satisfatório é enriquecedor para ela, como pessoa. “É gratificante saber que você é útil. Nós procuramos alcançar muitas coisas para nós, mas quando entendemos que aquilo que temos, podemos dividir para alcançar outras pessoas, só crescemos. Sinto-me orgulhosa por contribuir com a educação desses anjos, pois eles não podem ficar para trás. Eles precisam avançar também”, frisou.
Outra aluna que recebe as atividades de Shirley é Thaissa Viana, 14, filha da autônoma Sidnéia Viana. A mãe aprova a metodologia utilizada pela professora e diz que a adolescente acompanha todas as atividades, que envolvem toda a família. “Minha filha acompanha pela manhã a aula na TV e, à tarde, resolve as atividades da sala de recurso. As aulas são maravilhosas, minha filha gosta bastante, porque são atividades que envolvem a coordenação motora e a criatividade. Algumas atividades precisam que a família interaja também e isso é muito bom, tenho certeza que os pais que se dedicam aos estudos dos filhos estão gostando bastante”, agradeceu.
Educação especial
A rede municipal de ensino sempre realizou assessoramento especializado aos alunos da educação especial, mas devido a pandemia do novo coronavírus, a ação precisou passar por uma nova reestruturação, para realizar o atendimento a distância.
“Há anos desenvolvemos na Semed o trabalho de assessoramento aos professores, mas devido a pandemia precisamos organizar uma nova estrutura de trabalho a distância, por meio de videoconferência, e-mail, ligações ou por grupo de conversa. No momento, auxiliamos 184 professores nesse processo de acompanhamento ao Aula em Casa”, comentou a gerente de Educação Especial interina da Semed, Cintia Rodrigues.
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Texto – Alan Marcos Oliveira / Semcom e Érica Marinho / Semed
Fotos – Alex Pazuello / Semcom