De acordo com a delegada Andréa Nascimento Pereira, negligência, abandono e maus-tratos estão entre os crimes mais frequentes contra o idoso, na capital
O dia 15 de junho foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. A Delegacia Especializada em Crimes contra o Idoso (DECCI) da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) aproveita a data para reforçar a importância em denunciar crimes contra os idosos no estado.
De acordo com a delegada Andréa Nascimento Pereira, titular da especializada, os crimes mais frequentes contra os idosos, na capital, são os de furto, negligência, abandono e maus-tratos. “A partir do momento em que recebemos a denúncia, seja por ocorrência ou por canais de denúncia, passamos a realizar as diligências necessárias”, explica ela, ressaltando que, em alguns casos, é preciso ir na residência do idoso para verificar as condições em que ele está vivendo, dando origem a um relatório tanto investigativo quanto psicossocial.
Segundo a delegada, nos cinco primeiros meses deste ano, conforme levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), foram registrados 3.626 crimes contra o idoso, somando-se as ocorrências de todas as delegacias da capital. Já nos cinco primeiros meses de 2019, foram registradas 3.132 ocorrências em todas as delegacias de Manaus.
“É sempre importante exemplificar que existem dois aspectos diferentes nas investigações. Os crimes em âmbito familiar, cometidos por filhos, netos e parentes próximos, têm os maiores registros de apropriação de bens, negligência, exposição a perigo, injúrias, ameaças e perturbação da tranquilidade, pois esses casos envolvem a convivência familiar”, conta ela.
Existem, ainda, crimes praticados por terceiros, ou seja, pessoas estranhas que se utilizam da vulnerabilidade do idoso. “Principalmente para aplicar golpes. Casos de estelionato e furto são frequentes na época do pagamento de benefícios, pois o idoso é acostumado a ir sozinho ao banco e acaba sendo vítima de golpes e furtos”, ressalta.
Ainda no caso do conflito familiar, a delegada revela que, além da atuação da delegacia instaurando os procedimentos, é realizado o acompanhamento do Centro Integrado de Proteção e Defesa de Direitos da Pessoa Idosa (Cipdi), no qual as assistentes sociais e psicólogas vão fazer o acolhimento do idoso. “São feitas intervenções necessárias no campo da família, realizando reuniões, orientações e, se for o caso, encaminhando o idoso e a família para outros órgãos”.
Pandemia – Conforme Andréa, neste período da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) foram registrados cinco casos de idosos em situação de abandono. “Fizemos diligências, e em todos casos eles não tinham filhos e nem parentes diretos. Diante disso, fizemos o acolhimento e encaminhamos aos órgãos competentes para instituições de longa competência”.
Também neste período de pandemia, houve uma redução de 20% de registros de Boletins de Ocorrência (BOs), mas em compensação, houve um acréscimo no número de denúncias por meio dos números 100 e 181, além de situações registradas por hospitais e outros órgãos, e formulários de denúncia anônimas.
“Houve um aumento significativo nas violências praticadas no ambiente familiar, por conta do isolamento e distanciamento. As relações familiares se intensificaram e a violência cresceu. Ameaças, injúrias e até vias de fato foram registrados”.
Observação – A delegada orienta, também, que alguns sinais de violência contra o idoso podem ser observados. “Quando existe uma agressão psicológica, por exemplo, vale observar que, se o idoso já possui uma doença pré-existente como Alzheimer ou depressão e há um agravamento, pode ser que exista alguém cooperando para isso”, salienta.
No caso da violência física, é importante verificar sinais como hematomas e outras marcas pelo corpo. E no caso, da violência patrimonial, os filhos podem acompanhar as finanças do idoso para saber se as contas estão sendo administradas corretamente e se não estão sendo feitos empréstimos de forma indevida, o que caracteriza apropriação de bens.
Para denúncias junto à Delegacia Especializada em Crimes contra o Idoso (DECCI), basta entrar em contato por meio do (92) 3214-5800, ou usar outros canais como os disque-denúncias 100 e 181, além do site Delegacia Interativa (www.delegaciainterativa.am.gov.br).