A explicação do Governo do Amazonas para justificar a compra de 28 ventiladores pulmonares de uma loja de vinhos, no valor de R$ 2,976 milhões, para tratar dos contaminados pelo novo coronavírus (Covid-19), não foi bem aceita pelo deputado estadual Wilker Barreto (Podemos) nesta quarta-feira (6). Após questionar a base governista na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) sobre a aquisição dos materiais com preços quatro vezes acima do mercado, a líder do Governo, deputada estadual Joana Darc (PL) afirmou que a escolha pela proposta da adega foi respeitando os prazos de pagamentos e entrega dos equipamentos.
Em Sessão Ordinária virtual, a líder governista na Casa explicou que a oferta da Vineria Adega estabelecia o pagamento depois da entrega dos respiradores, enquanto que a proposta da empresa Sonoar, R$ 472 mil mais barata que a vencedora, exigia o pagamento antes da entrega. Para Barreto, essa justificativa não convence e não bate com os documentos da compra.
“Eu quero dizer que a resposta da líder do governo sobre os respiradores não convence, porque a empresa de vinhos empenhou, liquidou e recebeu no mesmo dia, e a entrega foi dias depois. Então, não foi questão de saúde financeira. A sociedade precisa saber porque o Governo dispensou economia de R$ 472 mil do dinheiro público na compra desses respiradores”, alertou Wilker.
Compra superfaturada
No dia 20 de abril, o site de notícias Uol revelou que o Governo do Amazonas tinha uma proposta de R$ 472 mil mais vantajosa do que os mesmos 28 respiradores comprados sem licitação de uma loja de vinhos. Segundo a nota fiscal da compra, foram adquiridos 24 equipamentos do modelo Stellar 150, da marca Resmed, por R$ 104,4 mil cada um, e outros quatro aparelhos da marca Philips comprados na mesma adega por R$ 117,6 mil cada um, em um total de R$ 2.976.000.
Na proposta entregue à gerente de compras da Susam no dia 1º de abril, a empresa Sonoar cobra R$ 2.944.000 (R$ 32 mil a menos) pelo contrato, mas oferece 5 respiradores a mais: são 29 unidades do modelo Stellar 150 por R$ 88 mil cada um, desconto de R$ 16 mil a unidade. Já os quatro aparelhos da Philips custariam R$ 98 mil, R$ 19,6 mil mais barato do que a opção oferecida pela Vineria Adega.
Se tivesse optado pela proposta mais vantajosa, o governo teria economizado R$ 472 mil pelos mesmos respiradores que comprou sem licitação.
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Foto: Danilo Mello / Aleam