O período chuvoso no Amazonas é a época de maior risco para muitas doenças (período sazonal), incluindo as que são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya. A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) alerta, principalmente, para o avanço no número de casos confirmados de dengue no estado.
O Boletim Epidemiológico da FVS-AM sobre Arboviroses, doenças transmitidas pelo mosquito, aponta para 903 casos confirmados de dengue no Amazonas no período de janeiro a fevereiro de 2020. No mesmo período de 2019, foram registrados 301 casos confirmados da doença.
O Governo do Amazonas, por meio da FVS-AM, antecipou-se com ações de combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e realizou uma campanha de divulgação para as medidas preventivas semanais de eliminação dos focos para o mosquito. No Amazonas, os principais criadouros são recipientes utilizados para o armazenamento de água. Este ano, a FVS-AM adquiriu e distribuiu 17 mil capas protetoras para caixas d’água no Amazonas.
De acordo com a diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Costa Pinto, é essencial manter as medidas de prevenção com o objetivo de combater o mosquito e evitar o aumento da dengue no estado. “É importante destacar que nos últimos cinco anos, enquanto outros estados do país enfrentavam severas epidemias, o Amazonas mantinha um redução sustentada no número de casos, o que levou a um aumento de pessoas susceptíveis (predispostas)”, avaliou.
Rosemary acrescenta que a última grande epidemia vivenciada no Amazonas foi em 2011. “Naquele ano, foram notificados 65 mil casos de dengue oriundos da capital e mais 24 cidades amazonenses infestadas pelo mosquito Aedes aegypti. Atualmente, dos 62 municípios do estado, 45 registram a presença do Aedes aegypti, o que aumenta ainda mais a preocupação, em vista da vulnerabilidade e do risco de ocorrência de epidemia”, alertou a diretora-presidente da FVS-AM.
O diretor-técnico da FVS-AM, Cristiano Fernandes, reforça que todos os municípios amazonenses devem ficar atentos a estes reservatórios e utilizar as capas protetoras como ferramenta para o controle destes criadouros. “A medida é importante, e os agentes de saúde são os responsáveis pelas instalações das capas de proteção que foram distribuídos aos municípios prioritários, por meio das secretarias municipais de Saúde”, disse.
Em números – De janeiro a fevereiro deste ano, a dengue atingiu 18 municípios do Amazonas: Atalaia do Norte (1), Boca do Acre (17), Carauari (240), Codajás (1), Eirunepé (55), Envira (10), Guajará (218), Humaitá (82), Iranduba (4), Lábrea (4), Manaus (137), Manicoré (1), Parintins (5), Presidente Figueiredo (11), São Gabriel da Cachoeira (52), São Paulo de Olivença (3), Tabatinga (60) e Tefé (2).
Outra doença transmitida pelo Aedes aegypti é a zika, que também apresentou aumento. Foram nove casos confirmados da doença no primeiro bimestre de 2020 registrados em Manaus. Entre janeiro e fevereiro de 2019, foram sete casos registrados em Manaus (6) e Novo Airão (1).
Já para os casos de chikungunya, o Boletim Epidemiológico da FVS-AM sobre Arboviroses apontou para um caso confirmado no período de janeiro e fevereiro deste ano em Manaus. No mesmo período de 2019, foram seis casos registrados em Manaus (5) e Tabatinga (1).
Cenário epidemiológico – Diante do aumento do número de casos confirmados de dengue, a FVS-AM orienta que é preciso manter os cuidados de prevenção ao mosquito Aedes aegypti, e todos devem verificar os possíveis focos e criadouros do mosquito, principalmente nos quintais e dentro das casas.
“Precisamos proteger as nossas famílias contra estas doenças, é questão de saúde pública. Cada um deve fazer a sua parte e manter o ambiente livre de focos do mosquito. Se cada um colaborar com o combate ao Aedes aegypti, vamos vencer estas doenças e proteger nossas famílias”, concluiu Cristiano.
Levantamento – O resultado do 1º Levantamento do Índice Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa) de 2020, aponta para cinco municípios com alto risco de infestação (São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Lábrea, Novo Aripuanã, Novo Airão), 15 com médio risco (Boca do Acre, Borba, Carauari, Coari, Guajará, Humaitá, Iranduba, Itacoatiara, Jutaí, Manaus, Maués, Nova Olinda do Norte, Santo Antonio do Içá, Tabatinga e Tefé) e 23 com baixo risco (Alvarães, Apuí, Anori, Autazes, Barcelos, Benjamin Constant, Beruri, Boa Vista do Ramos, Careiro, Codajás, Eirunepé, Japurá, Manacapuru, Manaquiri, Manicoré, Nhamundá, Parintins, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Paulo de Olivença, Tapauá, Tonantins, Urucurituba).
De acordo com o chefe do Departamento de Vigilância Ambiental (DVA-FVS), Elder Figueira, o LIRAa é uma importante ferramenta para que as secretarias municipais de saúde adotem as medidas de combate ao Aedes aegypti, de forma mais eficaz, principalmente considerando o tipo de criadouro predominante e os imóveis com maior número de focos do mosquito.
“Estamos no período chuvoso no Amazonas, e o LIRAa é a bússola para orientar a intensificação constante do controle de todas as doenças transmitidas pelo mosquito”, avaliou Elder.
Medidas de prevenção – Os vírus da dengue, chikugunya e zika, transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, provocam sintomas parecidos, como febre, manchas vermelhas, dor de cabeça, dor nas articulações e diarreia. A dengue é considerada a mais grave entre as três doenças. No Amazonas, circulam quatro sorotipos diferentes do vírus, e as formas mais graves podem levar a morte.
A principal forma de combater a doença é evitar o acúmulo de água parada em depósitos. A FVS-AM recomenda que, pelo menos, uma vez na semana, seja feita a verificação da existência desses criadouros no ambiente doméstico e no trabalho com o objetivo de eliminar o perigo.
Em áreas domésticas, outras formas de combater o mosquito são limpar o pratinho de plantas pelo menos uma vez por semana, ou enchê-lo com areia; manter garrafas e vasilhas com a boca virada para baixo, evitando juntar água; colocar o lixo dentro da lixeira e mantê-la tampada; nunca deixar água acumular em pneus, deixando-os em locais cobertos; além de manter tampados: tanques, barris, tonéis, cacimbas, poços e tudo que possa acumular água.