15:34 – 30/12/2019
FOTO: Luís Mansueto/FCecon
No período de janeiro a novembro de 2019, foram realizadas 539 conizações na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon). O procedimento cirúrgico é realizado em 70% dos casos de forma ambulatorial, no consultório de ginecologia sob anestesia local ou no Centro Cirúrgico ambulatorial, sem internação, e as mulheres recebem alta logo após a cirurgia.
Antes do procedimento, as pacientes são acolhidas numa sala humanizada, onde há a apresentação de vídeo informativo com o objetivo de minimizar o medo e a ansiedade que são comuns nesses casos. A sala foi inaugurada no segundo semestre deste ano.
Prevenção – A conização evita que essas pacientes desenvolvam câncer de colo de útero porque é realizada no momento em que as mulheres são portadoras das inflamações pré-cancerosas, chamadas de Neoplasia Intraepitelial Cervical de alto grau, conhecida como NIC.
Em 30% dos casos é necessária a internação, quando as pacientes precisam de maiores cuidados por serem hipertensas, diabéticas ou com histórico de infarto, acidente vascular cerebral (AVC), trombose, entre outros. Nessas circunstâncias, a conização será realizada no Centro Cirúrgico eletivo, com anestesia tipo sedação ou raque, estas realizadas por médico anestesiologista.
A conização é um procedimento simples, dura em torno de 10 minutos e consiste na retirada da parte doente do colo uterino em forma de cone. O material extraído é sempre enviado para biópsia.
Estrutura – A FCecon hoje disponibiliza equipamentos modernos, de alta qualidade, para a realização das conizações, o que facilita o trabalho dos médicos ginecologistas da instituição. A Fundação é o único hospital de referência no Amazonas para esse tipo de procedimento cirúrgico via Sistema Único de Saúde (SUS).
“O benefício da conização é que a gente está tratando as lesões pré-cancerosas e evitando mais um câncer de colo uterino, uma doença que leva de 10 a 15 anos para acometer uma mulher e que é 100% evitável. Daí a importância do exame preventivo anualmente. E não podemos deixar de enfatizar a vacina conta o HPV nas meninas de 9 a 14 anos e nos meninos dos 11 aos 14 anos de idade. Essa vacina é segura, eficaz e gratuita”, destaca a médica ginecologista da FCecon, Mônica Bandeira de Melo, que atua há 29 anos na instituição e hoje é gerente do serviço de Ginecologia.
Segundo a ginecologista, dados oficiais da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) indicam que morrem, em média, por mês, 23 mulheres em função do câncer no colo uterino. “Esses números são subnotificados, já que a maioria das mulheres no nosso estado nunca realizaram um único exame preventivo na vida, e assim morrem sem diagnóstico. As mulheres que de rotina buscam o Papanicolau são sempre as mesmas”, diz.
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam 840 novos casos de câncer de colo do útero por ano no Amazonas.
Humanização – Desde agosto de 2019, o serviço de Ginecologia da Fundação Cecon realizou mudanças na infraestrutura de equipamentos para os três ambulatórios da especialidade, sendo que duas salas já estão reformadas, inclusive com armários modulados novos. A terceira nova sala deve ser inaugurada até o final de fevereiro de 2020.
Campanha – Em 2019, a Fundação Cecon realizou a campanha “Adote uma conização, evite um câncer de colo uterino”, para mobilizar a sociedade em torno da ampliação do número de procedimentos, dentro do projeto “Ver e Tratar o Colo Uterino”. A campanha resultou na doação equivalente a R$ 80.595,30 pela sociedade civil para aquisição de kits de conizações.
Um kit foi doado em agosto de 2019 pela empresa Kolplast, a fabricante dos equipamentos de mesa ginecológica com movimentos automatizados por meio de pedal e colposcópio com sistema de imagem de alta qualidade e precisão.
O segundo kit de equipamentos, sendo uma mesa ginecológica com mocho, colposcópio e bisturi de alta frequência, foi comprado com o dinheiro das doações realizadas pela empresa Eternal e já está em uso na FCecon desde o final de novembro deste ano.
A campanha, feita por meio de vídeo nas redes sociais, foi um sucesso e teve como objetivo sensibilizar a sociedade civil para a causa do câncer de colo uterino e angariar recursos para a compra de equipamentos utilizados na prevenção desse tipo de doença.
A FCecon, assim como outras fundações, tem autonomia para buscar meios financeiros que possam auxiliar no financiamento dos seus serviços para além do orçamento ordinário do tesouro estadual. Parcerias com entes públicos e privados estão entre as alternativas.
‘Ver e Tratar’ – A campanha foi realizada para que a FCecon tenha os kits necessários para ampliar o atendimento nos municípios polos do interior na implementação do projeto “Ver e Tratar o Colo Uterino”, evitando o deslocamento dessas mulheres para Manaus.
Em maio deste ano, a FCecon recebeu três aparelhos colposcópios da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), que serão destinados ao projeto. Serão realizados mutirões permanentes, de seis em seis meses, nos municípios-polos, como em Itacoatiara, Borba, Manacapuru, Tabatinga, Parintins, Tefé e Coari. O projeto será coordenado pela equipe de médicos do serviço de Ginecologia da Fundação.
“O projeto nasceu da necessidade urgente de interiorização da saúde. O serviço de Ginecologia da FCecon precisa ir até essas mulheres do interior, evitando tantos transtornos emocionais, financeiros e psicológicos. A meta é irmos até as pacientes portadoras de lesões precursoras de alto grau, de seis em seis meses, em regime de mutirão, com calendário permanente nos municípios-polos. Assim teremos certamente a redução do número de casos de câncer de colo uterino no Amazonas a curto prazo”, afirma Mônica Bandeira, idealizadora do projeto “Ver e tratar o colo uterino”.
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