FOTO: Divulgação/DPE-AM
Capacitação é feita a partir do estudo das constelações familiares
Defensores públicos e servidores que atuam na área de Família da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) participaram de capacitação para promover maior humanização no tratamento de conflitos familiares a partir do estudo do método da Constelação Familiar Sistêmica, que possibilita uma maior consciência dos envolvidos em relação ao conflito, gerando autoconhecimento e êxito em acordos eficazes. O curso foi realizado na sede da Defensoria e concluído na quinta-feira (19/12).
O objetivo da capacitação é introduzir no atendimento ao público da DPE-AM as Práticas Sistêmicas, que vêm sendo aplicadas em diversas Defensorias Públicas do país com a finalidade de promover um novo olhar sobre os conflitos familiares.
O Direito de Família é a área com maior volume de atuação na Defensoria Pública, e a instituição está atenta à necessidade de prestar um serviço individualizado e humanizado. Com o estudo das Constelações Familiares, a Defensoria objetivou apresentar uma nova ferramenta que contribuirá com o tratamento de conflitos familiares, autoconhecimento e desenvolvimento humano.
A Constelação Familiar Sistêmica é um método psicoterápico desenvolvido pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, pelo qual se estudam as emoções e energias que, consciente e inconscientemente, acumulamos. O Direito Sistêmico é a denominação criada pelo juiz Sami Storch para denominar o uso da técnica Constelações Familiares no âmbito do Judiciário, assim como o uso de posturas sistêmicas na solução de conflitos judiciais.
A defensora pública Carolina Carvalho, coordenadora da área de Família, explica que, com o curso, a Defensoria do Amazonas dá um passo à frente, estando preocupada não apenas com a questão jurídica trazida pelo assistido, mas também com as questões emocionais envolvidas.
“Estou imensamente feliz com esse momento. É um novo olhar no tratamento do conflito familiar. Nas Práticas Sistêmicas, nós aplicamos técnicas que aprofundam a consciência em relação ao que, de fato, acontece na vida do assistido em relação ao conflito. Muitas vezes, a gente pega uma situação de um divórcio, por exemplo, em que o casal briga por uma casa, mas identificamos que o conflito, na verdade, não é a casa, e sim as questões emocionais que estão envolvidas. A Constelação Familiar vem como uma ferramenta a mais para que possamos auxiliar as pessoas que atendemos, trazendo uma maior consciência na hora de realizar um acordo, na hora dessa busca de solução para o problema”, explica a defensora.
Conhecimento – O curso foi ministrado pela psicanalista e consteladora, Cristiane Braga dos Santos, que apresentou aos servidores e defensores um pouco do que são as leis da Constelação Familiar Sistêmica dentro de um contexto da família e do atendimento que é prestado pela Defensoria. Segundo a psicanalista, o método pode dar uma importante contribuição.
“A utilização do método pode contribuir para o trabalho da Defensoria. Primeiro, porque o defensor também se vê, porque todos somos pessoas, e quem está ali atendendo também precisa se enxergar. A gente consegue trabalhar com as emoções do outro quando a gente já trabalhou as nossas. Em segundo lugar, os defensores e servidores irão demonstrar para o assistido onde ele está errando e o que pode fazer para que este conflito seja solucionado. Às vezes, uma palavra ou ideia dada por alguém de fora da situação consegue dar um direcionamento melhor para o problema. Por exemplo, em uma família em que pai e uma mãe estão se separando com briga, eles não entendem que não tem ‘ganha-ganha’, os dois estão perdendo. Isso é algo que é sistêmico, eles estão acostumados a brigar muito pelas coisas. Então, quando a gente consegue dar um olhar sistêmico, consegue fazer eles entenderem que essa briga não tem fundamento”, explica ela.
Cristiane Braga ressalta ainda que a Constelação é uma consciência das chamadas Leis do Amor, e é utilizada com o objetivo de equilibrar os relacionamentos interpessoais e colocar a pessoa no lugar que realmente é dela, fazendo com que entenda que não precisa replicar o passado, a ancestralidade, que pode ter a vida diferente da dos pais dela, por exemplo.
“Quando entendo que pertenço a um grupo, quando entendo a hierarquia, quando consigo entender o equilíbrio, que não posso dar demais nem receber demais, a minha vida consegue ter uma estabilidade. A Constelação é como uma lupa, que amplia a visão sobre o problema e mostra onde ele está, gerando também uma autorresponsabilidade”, concluiu.
Para o defensor público Marco Aurélio Martins da Silva, que participou da capacitação, o curso foi denso e até contundente. “Deixou clara a necessidade do autoconhecimento e do equilíbrio para se poder atuar na conciliação e mediação, principalmente familiar. Com certeza essas mais de 20 horas de curso irão se refletir em mim e na equipe que atua na Família, para um atendimento mais humanitário e efetivo dos assistidos”, afirmou.