Discutir formas de melhor atender às crianças e adolescentes venezuelanos refugiados em Manaus. Este foi o foco do seminário Saúde e Migração Venezuelana – Avanços e Desafios, realizado nesta segunda-feira (8), na Escola do Legislativo Senador José Lindoso da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O evento foi organizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em parceria com o Parlamento estadual, Governo do Estado e Prefeitura Municipal de Manaus.
Na avaliação do coordenador substituto do escritório do Unicef em Manaus, Antonio Carlos Cabral, é fundamental o desenvolvimento de uma ação humanitária intersetorial envolvendo, além da saúde, outras áreas dos Poderes Executivos, para enfrentar o problema da vulnerabilidade das crianças e adolescentes imigrantes venezuelanos na capital amazonense. Ele lembrou que recentemente dois adolescentes morreram vítimas de tuberculose. “Precisamos revisitar o que já foi feito e ver como fazer mais e melhor”, disse.
Os cerca de setenta gestores e técnicos da área de saúde, que participaram do seminário, debateram, dentre outras especificidades, a necessidade do maior monitoramento da avaliação nutricional das crianças, assim como um melhor acompanhamento da questão da prevenção de doenças por meio da vacinação. Segundo o representante do Unicef, esses e outros pontos estão sendo encaminhados aos governos por meio de documento de conclusão do seminário.
“A partir das ações e definidas as responsabilidades, é ir pra campo e ver o que pode estar sendo feito no dia a dia das práticas dos profissionais, garantindo qualidade de saúde e de vida a essa população imigrante de venezuelanos”, salientou Antonio Carlos. De acordo com ele, os refugiados não estão em Manaus porque querem. “Se vieram é porque estão passando por grandes dificuldades. E, por ser o Brasil um país signatário de um acordo, a gente tem que acolher essas pessoas, como bons e responsáveis brasileiros que somos, e garantir vida para elas”, afirmou Antonio.
Dados divulgados pelo coordenador substituto do Unicef indicam que em Manaus existem atualmente dezesseis mil refugiados venezuelanos, dos quais 800 em abrigos. O órgão internacional, segundo ele, já vem implementando algumas medidas para minimizar a situação de risco das crianças. Uma delas é a manutenção de um espaço de educação e proteção dos meninos e meninas, no acampamento nas proximidades do Terminal Rodoviário de Manaus, com professores que falam espanhol e português. O objetivo é fazer com que as crianças passem a maior parte do tempo no ambiente de estudo.
Antonio Carlos revelou ainda que o espaço ao lado da Rodoviária está passando por uma reestruturação, com a instalação de refeitório e área de acolhimento e recepção. Conforme ele, as melhorias são frutos da Operação Acolhida, dinamizada pelas Forças Armadas, junto com os órgãos das Organizações das Nações Unidas (ONU) – Unicef e Acnur -, dos governos e da sociedade civil.
Diretoria de Comunicação da Aleam
Texto: Edvanildo Lobo
Foto: Hudson Fonseca