Planta originária da Amazônia gera fibras que têm sido utilizadas pelo setor industrial, por exemplo, para substituição parcial da fibra de vidro, o que vem atraindo o interesse de empreendedores e investidores.
por Márcio Gallo publicado: 12/12/2019 18h06 última modificação: 12/12/2019 20h50
Os segmentos econômicos tradicionais no âmbito da Zona Franca de Manaus (ZFM), tais como a indústria e o comércio, por exemplo, representam a maior fatia da arrecadação de tributos na região. Com vistas a complementar a contribuição de setores econômicos já estabelecidos, a bioeconomia – um dos vetores que mais vêm atraindo a atenção de empreendedores e investidores – cresce em importância e fomenta debates cada vez mais frequentes.
Recentemente, durante a primeira edição da Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (fesPIM), o tema bioeconomia foi discutido durante um colóquio que reuniu diversos atores de renome e, ainda, foi tratado em apresentação de um banco de projetos voltado ao segmento. E um dos subprodutos da bioeconomia chamou a atenção, inclusive, do presidente da República, Jair Bolsonaro: o Curauá.
O presidente ganhou, na abertura da fesPIM, uma muda do Curauá, planta originária da Amazônia, da mesma família do abacaxi, cuja principal utilização é a aplicação de suas fibras pelo setor industrial, para substituição parcial da fibra de vidro pela fibra vegetal. Tal utilização se deve ao fato de estudos e pesquisas feitas no Brasil e no exterior terem comprovado que as fibras naturais da planta apresentam resultados de excelente qualidade, demonstrando ter resistência comparável às fibras de vidro, ganhando destaque no meio de grupos empresariais com perspectivas socioambientais.
Apesar da potencialidade e da crescente demanda por Curauá de setores produtivos e industriais, não existem, atualmente, plantios suficientes para atender às necessidades fabris no que tange à produção de mudas para a extração das fibras. Um estudo recente demonstrou que para a implantação de 1 hectare de Curauá são necessárias 25 mil mudas, que resultam na geração de 3,7 toneladas de fibras por colheita. Metódos convencionais de cultivo permitem que uma matriz dê origem à vinte mudas em seis meses. Por meio da cultura de tecidos vegetais, neste mesmo intervalo de tempo o número de mudas poderia ser 35 vezes maior.
“É pensando em estimular a produção em larga escala de mudas do Curauá, por meio dos laboratórios da Coordenação de Biotecnologia Vegetal, que o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) assinou um Acordo de Cooperação Técnica com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que visa a montar unidades de observação e demonstração da planta, auxiliando dessa forma a cadeia produtiva do Curauá e fomentando a produção de fibras para atender a indústrias, impulsionando a elaboração de produtos de base tecnológica. Com isso, seria possível criar um efeito demonstrativo que incentive o surgimento de outras iniciativas e, ao mesmo tempo, poderíamos buscar reduzir as barreiar para a efetiva criação de polos bioindustriais”, informou Fábio Calderaro, coordenador-geral de Planejamento e Programação Orçamentária da Suframa e membro titular da Autarquia no Grupo de Gestão do CBA.
A proposta está alinhada ao principal objetivo do novo CBA, que é o desenvolvimento de produtos, a prestação de serviços e a geração de negócios, tudo para contribuir para a inovação biotecnológica e da bioeconomia, agregando valor aos produtos da região amazônica, incentivando o desenvolvimento local de produtos, processos e serviços biotecnológicos.