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Por Sebastião de OliveiraEquipe Ascom Ufam
O encerramento das atividades do projeto Afrocientista ocorreu na tarde de quinta-feira, 5, no miniauditório do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (PPGSCA/Ufam), localizado no setor Norte do Campus Universitário. O evento reuniu alunos e professores participaram das ações durante 2019, culminando com certificação e confraternização entre os integrantes.
“O projeto é vinculado ao Núcleo de Estudo Afro Indígena (Neainc/Ufam) e teve, neste anon importantes atividades, tanto para os professores quanto para os alunos”, disse a coordenadora, professora Renilda Aparecida Costa. Durante a explanação, ela contextualizou a formação e a participação do Neainc em eventos regionais e nacionais. Em seguida, mencinou a parceria com Associação Brasileiran de Pesquisadores Negros, Fundação Unibanco e Secretaria de Estado de Educação (Seduc/AM).
“Nesse sentido, o Projeto Afrocientista teve objetivo desenvolver atividades acadêmicas (ensino, pesquisa e extensão) para preparação acesso a Universidade, além de temáticas ligadas a questões étnico-raciais, e o fortalecimento de identidades”, disse a professora.
Na cerimônia, o diretor do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), professor Raimundo Nonato Pereira da Silva, disse aos alunos participantes “três palavras para que não esqueçam”: autoestima, determinação e coragem. A partir daí, ele fez o seguinte questionamento: “Como vocês se veem daqui há dez anos?”. Ele deixou que pensassem e respondessem depois de algum tempo, pois acredita que para essa pergunta deve conter alguns elementos, como a autoestima com o que se faz. “Elevar a determinação naquilo que é capaz e, segundo ele, a capacidade está dentro de nós. E, realizando com determinação deve ter coragem”, completou o diretor do Instituto.
Experiências
Aldrew Marques Freitas de Souza, 21, finalista do Ensino Médio da Escola Estadual, agradeceu aos professores e aos gestores que deram apoio para a realização do projeto. “Não foi fácil, pois moro bem distante da comunidade e luto diariamente para ir à escola, porque meu transporte é canoa e remo e meia hora até lá. Além disso, existem pessoas na própria comunidade que não me apoiam, no sentido de dar uma ação positiva, e eu tenho que enfrentar isso. Bola pra frente!”, disse o jovem.
“Depois que comecei a frequentar o Projeto Afrocientista da Ufam, vejo o mundo com outro olhar, porque agora sei quem sou, o que represento na sociedade, como também estou mais seguro em tomar alguma decisão na escolha da graduação que irei cursar, pois quero fazer Agronomia na Ufam”, completou ele.
Para Marta Orlani Pierre, 15, que cursa o segundo ano do ensino médio na Escola Estadual de Tempo Integral João dos Santos Braga, em Manaus, teve a oportunidade de esclarecer muitas coisas. “Abri meus olhos, principalmente sobre a negritude no Brasil, e pude perceber como os jovens negros acham que as portas estão fechadas, mas creio que não. No projeto, nós aprendemos que temos varias formas de ingressar na Universidade Pública, pela cota e de outras formas”, disse ela.
A estudante Flavia Alexandra da Silva Gonçalves, 16, estuda na Escola Estadual Farias de Brito, em Manaus, e disse que muita coisa mudou na sua vida depois do projeto, abrindo as portas do conhecimento. “Sou de baixa renda, e não tinha uma visão sobre a Universidade. Eu pensava cursar Direito, mas como iria fazer se não sabia como entrar na Universidade? Somente por meio do ENEI? Fiz o exame, mas não consegui uma nota boa. Com ajuda do projeto, foi mostrado que existem cotas de acesso à Universidade”, detalhou Flávia Gonçalves. “Foi possível me aceitar como pessoa, porque sou negra, então, foi uma ajuda enorme”, completou.
Sobre o Projeto
A proposta pedagógica do Afrocientista tem fundamento nestes três pilares: iniciação às práticas da ciência; instrumentalização sobre o fazer ciências; e, formação para a cidadania e mobilização social. As atividades – voltadas à pesquisa e à tecnologia – pretendem despertar e incentivar a vocação científica e os talentos dos jovens.
“A Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as através de parceria firmada com o Instituto Unibanco fornecerá aos estudantes uma bolsa de estudos no valor de R$ 150,00 reais mais uma ajuda de custo para o transporte de deslocamento municipal de 80 reais. A Secretaria de Educação, por meio da GAEED, fará a seleção os/as estudantes do Ensino Médio, que deverá levar em conta critérios estabelecidos no termo de compromisso firmado entre Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e Núcleo de Estudos Afro Indígena (NEAINC), além de colaborar para garantir a participação e permanência desses estudantes durante o período estipulado pela ABPN, para isso é necessário força-tarefa para garantir alojamento, alimentação e transporte, tendo em vista que as atividades acontecerão uma vez por mês”, detalha o Termo de Parceria que define as diretrizes gerais do Projeto.