De janeiro até outubro de 2019, o Departamento de Prevenção à Violência da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) realizou 101 atendimentos psicossociais. Escutas qualificadas em escolas, com adolescentes que sofrem violência no âmbito familiar, inclusive sexual, e o atendimento de pessoas em situação de dependência química são os principais casos.
Nesse ano, por meio da SSP, oito pessoas que sofrem de dependência química foram encaminhadas para tratamento em clínicas terapêuticas. Nos casos de usuários de drogas, as equipes fazem o encaminhamento ao Centro de Atenção Psicossocial, onde é realizado um trabalho ambulatorial, ou para o Centro de Reabilitação de Dependência Química (CRDQ), onde permanece por três meses em tratamento.
“A gente faz o agendamento, mas antes de encaminhar é feita uma triagem aqui pelo psicossocial. A gente realiza uma entrevista, verifica se, de fato a pessoa quer, porque lá não é uma clínica compulsória. Por isso, aqui a gente faz a entrevista, que faz mudar de ideia. A gente tenta fazer essa sensibilização para que ele possa compreender o problema que está vivenciando”, explica a assistente social Shirlene de Oliveira, do Departamento de Prevenção da SSP.
De acordo com a psicóloga do DPV, Mary Léia Benayon, nas atividades desenvolvidas no CRDQ, os internos aprendem a lidar com a abstinência. Eles recebem a vista dos familiares todos os fins de semana.
“Eles vão trabalhar na horta, jardinagem, artesanato, panificação. Eles já saem de lá com um curso profissionalizante, no caso, a panificação. Eles podem sair de lá com a certificação do Cetam (Centro de Educação Tecnológica do Amazonas) e, se aqui fora quiser ser inserido no mercado de trabalho, já sai com uma qualificação muito importante. Isso até para que ele possa se reinserir na sociedade e no mercado de trabalho”, enfatizou.
Atendimento nas escolas – Durante as atividades educativas realizadas em escolas, a equipe do psicossocial do DPV também realiza atendimentos. Chamados de “escuta qualificada”, esses atendimentos são realizados em uma sala reservada, e ocorrem após palestras de abordagens sensíveis de temas diversos, como abuso sexual, violência física e abandono.
“Já aconteceu de terminar a palestra e ter nove meninas para fazer a escuta, uma fila com todas chorando. Ao longo da palestra, algumas conseguem se identificar, e a gente, enquanto profissional já percebe, até pela mudança de comportamento. Fica retraída, o olho fica lacrimejando, e ao término da palestra, elas já sinalizam, levantam a mão que querem falar com a gente”, disse Shirlene de Oliveira.
Após a escuta, elas são encaminhadas a Rede de Proteção a Criança e ao Adolescente para procedimentos. “A gente aciona o responsável, a rede de proteção, porque muitas vezes essa violência parte do próprio familiar, e a gente tem que chamar direto a Rede de Proteção. É importante saber qual é o caminho que gente vai repercorrer, nem sempre acionar a família é o primeiro passo”, disse.