Com a intenção oportunizar à população o acesso ao conhecimento científico de um dos mais importantes parques ambientais da capital, a Prefeitura de Manaus em parceria com Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) vai realizar, nos dias 28 e 29/11, o projeto “Pavulagem Científica na Lagoa”, no Parque Lagoa Senador Arthur Virgílio Filho, localizado no bairro do Japiim, zona Sul.
Uma iniciativa do Laboratório de Pláncton do Inpa, a proposta faz parte do trabalho de um grupo de pesquisadores e alunos do doutorado em Biologia de Água Doce, que vem analisando amostras de água da lagoa com a finalidade de permitir a produção, em escala experimental, de algas que possam ser utilizadas como alimentos para alevinos e, consequentemente, promover a melhoria da qualidade da água da lagoa.
“O projeto tem um caráter educativo e contribuirá para reforçar o esforço desenvolvido pela gestão do prefeito Arthur Virgílio Neto no sentido de dotar o parque de infraestrutura e melhorar a qualidade da água da lagoa, além de contribuir para o desenvolvimento de pesquisas científicas e reaproximar a população do espaço”, afirma o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Antonio Nelson.
Nos dois dias do evento, serão realizadas oficinas abertas ao público que frequenta o espaço, para tirar dúvidas recorrentes sobre a coloração, odor e o porquê da existência de vida aquática no manancial do parque.
“Iniciamos o trabalho em março deste ano e observamos o grande número de pessoas que vinham até nós para perguntar sobre o estado da lagoa, sua coloração, a existência de vida aquática no local, condições de balneabilidade, entre outros questionamentos. Decidimos, então, que poderíamos oferecer as respostas às dúvidas mais frequentes”, explica o pesquisador do Inpa, Edinaldo Silva, coordenador do estudo.
Serão montados sete estandes no entorno da lagoa para responder às seguintes perguntas: “Porque a lagoa do Japiim é verde?”, “O que é alga e por que cresce tanto?”, “Por que fede em alguns pontos?”, “Essa água faz mal?”, “Como alguns bichos conseguem sobreviver e o que mais pode crescer na lagoa” e “Tem solução?”. Todas as respostas serão dadas de forma lúdica por meio de demonstrações científicas. No estande de número sete, será realizada uma peça teatral para as crianças, sobre o processo de poluição dos rios, igarapés e lagos, com jogos e brincadeiras.
“Pretendemos responder, de modo lúdico, a todas as perguntas sobre o que aconteceu, acontece e continuará acontecendo na lagoa e em todos os igarapés de Manaus se não mudarmos os rumos das coisas e que cada um, fazendo a sua parte, pode contribuir para a mudança”, observa Edinaldo Nelson. Ele lembra, ainda, que o projeto visa demonstrar que a ciência faz parte do dia a dia das pessoas e que pode ajudar a solucionar os problemas da sociedade, de forma sustentável.
A pesquisa conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).
Estudo científico
Durante a “Pavulagem Científica” o público poderá conferir o estudo que consiste na utilização de algas em larga escala para remover o excesso de nutrientes dos efluentes descartados na lagoa que, desde 2017, conta com uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), possibilitando o início do processo de redução da carga de dejetos lançados no local e a consequente despoluição da água.
“Após essa primeira fase, se os resultados forem promissores, realizaremos cultivos de algas em larga escala para retirar o excesso de nutrientes. As algas produzidas alimentarão organismos que, por sua vez, servirão para alimentar larvas de peixes que são utilizados na piscicultura regional”, destaca o pesquisador Edinaldo Silva, explicando que o cultivo de algas contribuirá para a limpeza da água da lagoa por meio da biorremediação, usando um organismo vivo.
Para o gestor do parque, Diego Pacheco, esse tipo de interação é de suma importância para manutenção do parque. “Para nós é uma satisfação contribuir para a realização de uma pesquisa tão importante e contarmos com a presença do Inpa nas dependências do parque”, disse, acrescentando que moradores e alunos de escolas localizadas no entorno da lagoa serão convidados a participar da ação.
ETE
A Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) do Parque Lagoa Municipal Senador Arthur Virgílio Filho beneficia, aproximadamente, 500 famílias que moram no entorno do local, reduzindo o impacto do lançamento de dejetos, antes lançados in natura na lagoa, e contribuindo para o processo de despoluição dentro da proposta de requalificação do espaço. A nova ETE atendeu à repactuação das metas estabelecidas pela prefeitura, reduzindo em 15 anos o prazo para que a Águas de Manaus cubra a cidade de 80% de esgotamento sanitário.
Foto – Divulgação/Semmas