Últimas notícias
Por Sebastião de OliveiraEquipe Ascom Ufam
A certificação de excelência do Laboratório de Solos da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (LS/FCA/Ufam) foi concedida ainda no mês de maio 2019 pelo Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade (PAQLF) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Solos/RJ).
A seriedade do Laboratório de Solos da FCA que se referencia nessa área de conhecimento no estado do Amazonas leva-o a se consagrar mais uma vez com o selo de excelência em análise de solo. O coordenador do Laboratório, professor Bruno Pereira, disse que o certificado garante a qualidade do serviço prestado à sociedade, tanto aos produtores rurais quanto aos pesquisadores da Universidade e de instituições externas.
“A renovação do certificado traz novamente, pelo quarto ano consecutivo, muita alegria para o time envolvido no projeto, tanto para nós servidores, quanto para os alunos atuantes no projeto e também para os alunos egressos que já participaram da iniciativa”, comemora o professor Bruno Pereira.
Saiba mais sobre análise de fertilidade de solos.
Importância da análise
O docente garante que a análise de solo para o produtor rural se torna uma ferramenta, um divisor de águas entre o sucesso e o fracasso no cultivo da terra, e exemplifica: “Nesse exato momento, um produtor rural de um município vizinho a Manaus acaba de nos trazer uma amostra de solo, o qual relata que fez o plantio de 2 hectares de maracujá sem instrução técnica, sem análise de solo, investindo R$ 30.000,00 para o plantio, mas não conseguiu colher nada. Infelizmente histórias como esta são recorrentes no nosso trabalho”.
“No Amazonas, as áreas chamadas de “terra firme” apresentam solos ácidos e de baixa fertilidade, mas, com a análise da fertilidade do solo, mostramos para o produtor rural quais as condições químicas do solo no momento do plantio e também recomendamos a quantidade correta de calcário e de adubo a serem utilizados naquele momento, sempre de acordo com a cultura de cada solo. De forma geral, a fertilidade do solo de cada área geralmente é singular. Inúmeros fatores contribuem para a variação da fertilidade do solo em cada propriedade rural, por exemplo: a ‘rocha’ que deu origem aquele solo, o que foi cultivado, se o fogo foi utilizado naquela área, o tipo de vegetação existente, o relevo, se o solo é argiloso ou arenoso, dentre outros. Sendo assim, conforme a variação, o produtor deve separar as áreas para a análise da fertilidade solo. Para o produtor rural, a finalidade principal será garantir que a fertilidade do solo de cada local esteja adequada à espécie que ele deseja cultivar ali”, completa o pesquisador e coordenador do LS.
Além de agricultores, piscicultores procuram o serviço para que seja realizada a análise granulométrica. Segundo o docente, essa análise determina a quantidade de argila que existe no solo, um parâmetro importante para decidir se o solo é ou não adequado à atividade pesqueira. O professor Bruno Pereira relata que as técnicas recomendadas estão tendo sucesso no cultivo, assim como estão repercutindo para outras áreas.
Meio ambiente
Quanto ao meio ambiente, ele destaca três pontos. Em primeiro lugar, se o produtor consegue elevar a fertilidade do solo através da calagem e da adubação corretas dirigidas pela análise de solo, se controla o “mato” pela roçagem e outras técnicas e se não precisa atear fogo antes do plantio, prática comum e com elevado grau de impacto ambiental utilizado no Amazonas. O professor cita ainda um estudo realizado pela aluna Amanda Sinimbu, que foi orientada pelo professor Afrânio Neves Júnior e demonstrou o seguinte: a depender do número de vezes que um solo é submetido ao fogo ou mesmo às temperaturas mais elevadas do fogo, haverá modificações físicas ruins para aquele solo, por conta do aumento da fração areia do solo.
Adicionalmente, o professor assegurou que essa análise ajuda a minimizar o uso excessivo de adubos e corretivos. “Muitos produtores rurais, principalmente produtores de hortaliças, apesar do elevado custo dos adubos na região e falta de recurso financeiro, realizam a adubação periódica sem a análise do solo. Isto eleva excessivamente a concentração de alguns nutrientes no solo, podendo causar problemas de salinização do solo, o que leva à diminuição da produtividade ou até mesmo à inviabilização do cultivo em determinada área”, revela o docente. Em terceiro lugar, ele explica que o aumento da fertilidade do solo nas áreas agrícolas já em uso leva ao aumento da produtividade, que significa a colheita de mais produtos na mesma área. A medida, em particular, reduz a pressão para abertura de novas áreas de plantio, conservando florestas primárias e secundárias.
Prazo de entrega da análise
Qualquer pessoa pode trazer a amostra de solo para análise no laboratório da Ufam. O prazo de entrega é de 30 dias, mas há casos que é possível concluir o processo em na metade desse tempo. O coordenador relata que a aceitação do público tem sido muito boa, e que a certificação reforça a qualidade do serviço ofertado na Ufam.
O docente avalia que, ainda hoje, as opções para análise de solo no estado do Amazonas são muito escassas, condição que permite o retorno dos produtores ao laboratório com novas amostras de solo, oportunidades em que solicitam novos tipos de análise, conforme suas novas demandas.