O Comitê Gestor de Prevenção ao Suicídio realizará, no mês de agosto, oficinas do projeto para promoção da saúde, vigilância, prevenção e atenção integral relacionada ao suicídio nos municípios de Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga. É mais uma etapa do projeto que no Amazonas tem a frente profissionais da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), das secretarias municipais, da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas), Núcleo de Apoio à Vida Manaus (Navima) e Universidade Paulista (Unip).
O Comitê Gestor de Prevenção ao Suicídio foi criado em maio deste ano para planejar as ações do projeto a partir do grupo de trabalho relacionado ao tema e iniciou as atividades em janeiro. A última reunião ocorreu na última sexta-feira (05/07), na sede da Susam.
Os municípios foram escolhidos por liderarem as ocorrências. Em Manaus, no ano de 2017, foram registrados 87 casos, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS). De 2015 a 2017 foram 310 casos registrados no Estado. “O projeto é para qualificar os profissionais e preparar a sociedade para esse fenômeno que é multifatorial e que tem se tornado cada vez mais presente,” afirma o secretário Estadual de Saúde, Rodrigo Tobias.
Conforme a coordenadora do Comitê Gestor de Prevenção ao Suicídio, Luciana Diederich, as oficinas terão duração de dois dias em cada município e as inscrições destinadas a profissionais dos setores de saúde, assistência, justiça, segurança, educação, movimentos sociais indígenas e não indígenas. “Quanto mais segmentos da sociedade pudermos atingir, será melhor ainda. Não ficar só no âmbito da Saúde, estabelecer o que a gente chama de intersetorialidade. Vamos envolver o máximo de profissionais que também lidam com esse tema e fazem esses atendimentos para orientar sobre as diretrizes do programa”, disse Luciana Diederich.
As oficinas vão abordar conhecimentos tradicionais, os cuidados com álcool e drogas, a cultura de paz, humanização nos serviços, além de realizar treinamentos para a notificação compulsória de automutilação e tentativa de suicídio, instituída pela lei nº 13.819/2019.
Como desdobramento do combate ao suicídio, serão criados comitês nos 62 municípios para que desenvolvam ações e estratégias de prevenção permanente e intersetorial. “Embora seja um projeto que tenha início, meio e fim, as ações têm que ser de caráter permanente”, destacou a coordenadora.
Indígenas – Conforme dados do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade entre índios é quase três vezes maior que o registrado entre brancos e negros, o que corresponde a 15 óbitos para cada 100 mil habitantes.
Para a coordenadora do projeto e psicóloga, Melina Lima, as ações para a prevenção do suicídio devem ter “um olhar específico para a população indígena”. “Em São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, 70% da população é considerada indígena. É um desafio, porque é um contexto, um universo em parte desconhecido por nós. Por isso a necessidade de uma escuta diferenciada da questão da interculturalidade que a gente fala, de você tentar enxergar a cultura do outro, o olhar sob a perspectiva do outro”, explicou.
A psicóloga ressalta a participação e contribuição dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) para atingir e sensibilizar a população indígena e os profissionais que lidam diretamente com os povos.