O governador do Rio, Wilson Witzel, lamentou hoje (23) a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, e defendeu a política de segurança que implementou no estado. A estudante foi vítima de bala perdida, no Complexo do Alemão, na noite da última sexta-feira (20).
Moradores dizem que a bala partiu de um policial militar. A Polícia Militar (PM), no entanto, informou que naquele dia equipes policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha, na esquina da Rua Antônio Austragésilo com a Rua Nossa Senhora, foram atacadas de várias localidades da comunidade de forma simultânea e que os policiais teriam então revidado à agressão.
Nesta segunda-feira, o governador reuniu seus secretários da área de segurança para uma coletiva no Palácio Guanabara. “Eu lamento profundamente a perda. Meu sentimento é de pai, que também tem uma filha de 9 anos. Olhando a minha filha, você acha que eu não choro, pensando na dor de qualquer pai ou mãe? Eu sou pai, tenho meus filhos em casa. Olho para eles na cama e penso: ‘amanhã aquela mãe não vai ter mais um filho deitado na cama, para olhar, acariciar, passar a mão no cabelo’. Vocês pensam que eu não penso nisto? Eu não sou um desalmado. Eu sou uma pessoa de sentimento. Mas não é porque nós temos um fato terrível como este que nós vamos parar o estado”, disse o governador, ao final da coletiva, visivelmente emocionado.
Witzel aproveitou a coletiva para fazer uma defesa da política de segurança implementada por seu governo, que tem gerado um alto número de mortes em confrontos e também várias vítimas inocentes, atingidas por balas perdidas. Só este ano, cinco crianças morreram por causa do fogo cruzado.
“A sensação de segurança é nítida. Nós hoje estamos em um ritmo de trabalho como nunca houve na história do estado e isto está incomodando demasiadamente o crime organizado, pois eles sabem que vão sofrer mais perdas ainda e nós não temos a menor intenção de parar de fazer o que está sendo feito. No caso da menina Ágatha, não era uma operação. O que o tráfico e o crime organizado fazem é fustigar a polícia para que ela seja obrigada a enfrentá-los. A polícia não cria o confronto. Quem cria o confronto são as organizações criminosas”, disse.
Palanque
Em outro momento da coletiva, o governador afirmou que parte da oposição estava fazendo da morte da menina um palanque político para atacar seu governo e também o pacote anticrime defendido pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.
“Não transformem em palanque político o caixão das vítimas da violência. É indecente usar um caixão como palanque, principalmente o de uma criança. A oposição está fazendo um palanque em cima do fato. E como a situação se desbordou, eu preferi reunir o nosso governo para que nós déssemos uma explicação de estado”, declarou.
Questionado sobre a demora em se pronunciar, Witzel que estava reunindo informações, para se manifestar: “No caso da menina Ágatha eu não estava no momento. Eu estava acompanhando, recebi a notícia de forma indireta. Eu conversei com o secretário [de Polícia Civil] Marcos Vinícius, fiz várias ligações para ele. Fiz várias ligações para o comandante [da Polícia Militar, Rogério] Figueiredo, até que eu pudesse fazer um juízo de convicção para o momento”. Ambos os secretários estavam ao lado do governador na coletiva.
Perícia
Na manhã desta segunda-feira, foi realizada perícia na Kombi que transportava Ágatha e seu avô, que passava pela comunidade da Fazendinha, quando a menina foi atingida por disparos.
De acordo com o delegado Antônio Ricardo, diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), o calibre da bala será anunciado em breve, após perícia em fragmentos retirados do corpo da menina. Ele disse que uma reprodução simulada será feita no local, provavelmente ainda nesta semana.
Policiais militares foram à Delegacia de Homicídios da capital, na Barra da Tijuca, na tarde desta segunda-feira, para serem ouvidos. Eles integram a UPP da Fazendinha.
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Edição: Denise Griesinger