Imagine um evento com 11 mil crianças e jovens, realizado em 70 cidades, espalhado por todo o Brasil. Pense ainda que neste evento estão vários atletas de alto rendimento, que subiram recentemente ao pódio em competições continentais e mundiais. Tal evento ocorreu no último sábado (21): o festival paralímpico.
Agora pense no possível retorno de imagem que uma empresa pode ter ao associar sua marca ao paradesporto. A maior parte do empresariado brasileiro parece ainda desconhecer isso. Basta olhar o site do Comitê Paralímpico Brasileiro para perceber: hoje, o patrocinador master da instituição é a Caixa Econômica Federal, banco público. Duas grandes empresas privadas estão com status de patrocinadoras, e outras duas como apoiadoras. Pouco, diante de resultados tão expressivos conquistados nos últimos anos.
Em recursos das loterias, o Comitê Paralímpico Brasileiro recebeu R$ 99 milhões até o mês de agosto. Os dados são públicos, divulgados pela Caixa. Não por acaso, o banco batiza os principais circuitos nacionais de natação, atletismo e halterofilismo paralímpico. Todavia, é importante ressaltar que o patrocínio não precisa ser apenas no “atacado” com grandes confederações e projetos gigantescos.
Há um enorme contingente de atletas que precisam de patrocínio e que poderiam desempenhar muito mais com pouco. Para os atletas de ponta, já é possível pleitear bolsas e recursos públicos, mas a iniciativa privada pode muito bem ajudar a quem ainda não chegou neste status. O “varejo” é formado por atletas dos mais variados perfis, que têm muito a oferecer aos patrocinadores.
Há um grande potencial inexplorado ao analisar as condições de equipes paradesportivas e de atletas que buscam recursos. Um patrocínio direcionado, com o uso da imagem destes atletas e um bom trabalho de divulgação, tende a ajudar a fomentar não apenas o aparecimento de novos competidores mas também a ajudar empresas a associarem suas marcas a algo de interesse público e que tem um apelo social muito interessante. Um projeto bem feito levará ao ganho de credibilidade da marca e empatia do público.
Mexer com o capital de qualquer empresa é sempre complicado. Para muitos, a saída mais simples é criticar o poder público pela falta de apoio e apoiar somente projetos que sejam incentivados via renúncia fiscal. Não há dúvidas da importância deste tipo de projeto, mas é preciso olhar o apoio ao esporte paralímpico não como um favor, mas como projeto de marketing. A oportunidade está aí. E os primeiros a percebê-la tendem a ter ganhos maiores do que os demais.
Edição: Verônica Dalcanal