Para a maioria dos obesos, a cirurgia bariátrica é a última alternativa para emagrecimento. A designer de interiores, Michelle Monteiro Sartori, 34 anos, fez a cirurgia há um ano e contou que começou a sofrer com a obesidade quando entrou na adolescência e começou a engordar. Para emagrecer tentou de tudo: passou pelo médico endrocrinologista, psicólogo, fez plano de academia, tomou shake de emagrecimento, mas nada disso resolvia o que ela considerava um problema.
“Eu cheguei aos 110 quilos, com 1,70 metros de altura. Estava extremamente depressiva e sem energia física para fazer as tarefas do dia-a-dia. Tudo era difícil. Subir uma rampa, ir até a portaria do prédio, pegar minha filha no colo. Isso me afetava psicologicamente e eu ficava pior ainda. Para tentar emagrecer fiz tudo o que todo mundo que é acima do peso tenta”.
Depois de todas as tentativas frustradas, Michelle começou a pesquisar sobre a cirurgia um ano antes de tomar a decisão de passar pelo procedimento. Nos seis meses anteriores, participou de reuniões de orientação e esclarecimento sobre o processo e foi lá que chegou à conclusão de que era o que queria e precisava.
“Desde a cirurgia emagreci 40 quilos. Hoje peso 70 quilos, faço exercício, como muito mais saudavelmente, passei do [manequim] tamanho 54 para o 42 e a vida mudou completamente. Para mim não tem mais obstáculo. Vou para todos os lugares a pé e não uso o carro para quase nada. Não só porque gosto de andar, mas porque hoje eu consigo e isso faz toda diferença na vida de qualquer pessoa”, disse.
Michelle diz que pensou também na parte estética, mas não foi esse o foco. A decisão veio para buscar a cura psicológica, já que o peso excessivo causava depressão e ansiedade, doenças que melhoraram ao longo do processo de perda de peso. “Tanto eu quanto o psiquiatra percebemos que foi um divisor de águas. Eu descobri também que existem outros prazeres, além da comida. A gente se apega à comida, porque quando se está obeso não se enxerga outra coisa além de comer, porque muitas vezes é o único prazer que a gente tem”.
Com a jornalista de 36 anos, Paula Bastos, a história foi um pouco diferente. Apesar de a intervenção também ter sido a última alternativa encontrada, ela já estava sentindo os prejuízos da obesidade na saúde física, quando foi detectado um pré-diabetes e logo depois uma hipertensão. Com isso, chegou ao limite e decidiu fazer a cirurgia.
“Eu sempre fui gorda, nunca tive uma fase mais magra. Quando descobri que estava a um fio do diabetes comecei um tratamento superintenso para tentar perder peso, mudar meu metabolismo. Fiz o tratamento por dois anos, mas depois das crises de hipertensão, comecei a considerar a cirurgia bariátrica como uma opção”.
Entretanto, ela teve que mudar a mente já que até então acreditava que se render à bariátrica seria sinal de fracasso e falta de esforço. Depois de conversar com pessoas que passaram pela experiência encontrou o médico ideal e segurança. “A cirurgia foi a melhor coisa que fiz na vida. Ela operou não só meu corpo físico, mas minha mente”.
Próxima de completar um ano de cirurgia, Paula conta que mudou hábitos e alerta aqueles que pensam que esse é o caminho mais fácil. Depois do procedimento é preciso disciplina, acompanhamento médico e psicológico constantes, além de cuidados para a vida toda. Destaca ainda que é preciso “autocontrole e força de vontade”. Atuante nas redes sociais, faz questão de contar suas experiências de maneira consciente. Não incentiva a bariátrica, mas mostra a realidade de ser obesa, os motivos que a levaram ao procedimento e deixa claras todas as dificuldades.
“Não adianta fazer a bariátrica, emagrecer por um tempo, chegar ao objetivo e mudar sua vida para não recuperar o peso e jogar a cirurgia no lixo. Eu sempre falei que as pessoas devem ser felizes e se amar independente do corpo que têm. Nunca fiz apologia à obesidade, sempre falei sobre meus próprios incômodos e em como eu estava tentando melhorar minha saúde. Sempre defendi que todos merecemos ter emprego, respeito, roupa para usar, possibilidades. Temos que viver com nosso corpo, mas procurar sempre viver melhor, seja como for para cada um”, afirmou.
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Edição: Bruna Saniele