O Banco Mundial projeta que o produto interno bruto (PIB) da Guiana deve crescer 30% em 2020 e 24% em 2021, devido ao início da exploração de grandes reservas de petróleo encontradas na costa do país. O dado foi apresentado pela diplomata Maria Clara Carisio durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta quinta-feira (12), quando teve seu nome aprovado para chefiar a embaixada brasileira naquele país, que tem mais de mil quilômetros de fronteira com Roraima.
— No ano que vem a produção vai começar com 100 mil barris por dia, a partir de contratos fechados com a Exxon-Mobil [empresa de petróleo com base nos Estados Unidos]. Mas a infraestrutura que vem sendo feita já projeta nos anos seguintes uma produção diária de 500 mil barris, que poderão atingir 750 mil numa produção máxima —detalhou.
A Exxon-Mobil já confirmou, numa primeira prospecção, reservas de 5,5 bilhões de barris de petróleo “de primeira qualidade” num dos blocos que vai explorar, informou Carisio. Ela ainda disse que recentemente o presidente da Guiana, David Granger, recebeu pessoalmente uma delegação da Petrobras, pois tem interesse em reduzir a dependência de seu país das empresas norte-americanas. Granger ainda percebe o Brasil como um importante aliado geopolítico, pois a Guiana há décadas tem divergências com a Venezuela relativas à soberania sobre o Esequibo (território reivindicado pelos dois países). Carísio definiu o pleito da Venezuela nesse caso como “infundamentado”.
— A Guiana vai se tornar a Dubai da América do Sul, e nosso desafio é nos integrarmos ao processo e proporcionar novas oportunidades aos estados do Norte e da Amazônia brasileira. Uma era de bonança se inicia, e temos que identificar rapidamente as oportunidades. Somos vizinhos e o Brasil tem muito mais possibilidades de incrementar investimentos em infraestrutura e no comércio de bens e serviços para a população guianesa, do que as outras nações caribenhas com as quais eles têm mais intercâmbio hoje. O boom do petróleo também vai provocar um afluxo de pessoal para atuar na indústria, e o governo deles conta com o aumento dos investimentos brasileiros – afirmou.
Empecilhos
Um empecilho que pode atrapalhar o Brasil no incremento das relações comerciais com a Guiana é a sua crise fiscal. Por isso, Carísio pediu aos parlamentares de Roraima e de outros estados amazônicos que estejam atentos, na votação do Orçamento de 2020, aos benefícios que podem advir de dotações para parcerias com a nação vizinha.
O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), relator da indicação da diplomata, concordou com ela, pois avalia que a rivalidade entre Venezuela e Guiana coloca o Brasil em situação privilegiada para oferecer uma ampla gama de serviços e também de produtos, demandados a partir do aumento da riqueza na Guiana. Ele pediu que seja dada prioridade à finalização da estrada que ligará Boa Vista à Georgetown (a capital guianesa), que diminuirá em 3 mil km a distância do escoamento da produção do norte do Brasil. Carisio confirmou que finalizar essa estrada é uma das prioridades da embaixada.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)