Cerca de 100 pessoas participaram do evento, que integra as ações da campanha Setembro Amarelo; confira os vídeos das palestras
O seminário Prevenção ao suicídio, à depressão e ao burnout, promovido pela Procuradoria Regional da República na 4ª Região (PRR4) no escopo da campanha nacional Setembro Amarelo, foi concluído nesta sexta-feira (6), com a presença do psiquiatra Pedro Eugênio Mazzucchi Sant’ana Ferreira, do médico do Trabalho Fernando Ribas Feijó, da psicóloga Michelli Moroni Rabuske, e de um público de cerca de 100 pessoas. Os especialistas debateram o conceito e as abordagens da síndrome de esgotamento profissional, o burnout, e analisaram situações laborais que podem dar origem ao quadro e, também, preveni-lo. Também foi distribuída ao público a publicação Pesquisa de Saúde dos Trabalhadores do Judiciário Federal no RS – 2018/2019, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União no Rio Grande do Sul (Sintrajufe/RS), em parceria com a Universidade Federal de Pelotas, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, objeto da segunda palestra do dia.
A abertura do evento foi realizada pelo servidor da PRR4 Walter Guilherme Hutten Correa, com breve sessão de relaxamento, seguida da primeira palestra do dia, sobre Burnout, proferida pelo psiquiatra Pedro Eugênio Mazzucchi Sant’ana Ferreira, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). “O burnout é uma condição psicossocial e biológica relacionada ao ambiente de trabalho que pode levar os trabalhadores a apresentarem doenças físicas e psíquicas e levar, em último caso, ao suicídio”, sintetizou, destacando a importância da correlação entre a síndrome, a depressão e suicídio, expressa na própria concepção do seminário. Segundo ele, entre os principais fatores de risco estão excesso de demandas, falta de apoio do chefe e dos colegas e relações laborais ruins. “É preciso transformar o ambiente de trabalho em um local mais humano, mais empático, onde o profissional possa encontrar apoio e compartilhar angústias”, afirmou, acrescentando que mudanças no ambiente de trabalho são importantes, sem prejuízo de apoio profissional e da prática de atividades que promovam bem-estar. “Meditação, exercícios físicos, desenvolver a espiritualidade e manter contatos sociais saudáveis com família e amigos são importantes ferramentas para auxiliar e prevenir a depressão e outros transtornos mentais”, recomendou.
Na sequência, o especialista em Medicina do Trabalho e Saúde Coletiva Fernando Ribas Feijó apresentou os resultados da pesquisa de saúde dos servidores do Judiciário Federal no Rio Grande do Sul. Segundo o pesquisador, fatores como assédio moral, elevada dependência financeira de funções comissionadas, ausência de pausas durante a jornada, excesso de carga laboral e nível de exigência elevado estão correlacionados ao aumento de doenças físicas e psíquicas. “Quanto maior a jornada, mais elevado o nível de estresse e, consequentemente, o aparecimento de sintomas, que vão desde dores de cabeça e de coluna lombar até o abuso de álcool e drogas e depressão, entre outras morbidades”, explicou. A seu ver, as estratégias para prevenir o burnout devem centrar-se na organização do trabalho, por meio de iniciativas como revisão e readequação de metas, redução da jornada de trabalho e de horas extras, realização de pausas, atenção à segurança psicossocial e mecanismos para evitar o assédio moral.
Já a psicóloga Michelli Moroni Rabuske, chefe da Seção de Acompanhamento e Avaliação, vinculada à Divisão de Saúde Psicossocial da Secretaria de Serviços Integrados de Saúde do MPF, traçou, por videoconferência, um panorama sobre a atuação de sua seção e, ainda, medidas que têm sido implementadas no âmbito do Ministério Público Federal com foco na saúde mental dos trabalhadores. A psicóloga relatou a existência de demanda relacionada a transtornos mentais que ocasionam afastamentos e, em alguns casos, até aposentadoria. Respondendo a essa realidade, a equipe atua, muitas vezes em parceria com outros setores e comissões intersetoriais, em temas como assédio moral, ações educativas e acolhimento e acompanhamento funcional de servidores. Finalizando o evento, a mediadora Gabriela Celina de Oliveira Rangel, psicóloga e chefe do Núcleo de Assistência à Saúde e Bem-Estar da PRR4, encaminhou aos palestrantes as perguntas escritas da audiência e abriu espaço para manifestações orais.