06/09/19 13h58
Desafio da primeira fase do InterHack da USP premiou três equipes; etapa final será nos dias 9 e 10 de novembro
Jornal da USP
Se você pudesse melhorar a gestão universitária utilizando a tecnologia, qual seria sua proposta? Estudantes de toda a USP tiveram 24 horas para pensarem em soluções durante a primeira etapa do InterHack, realizada nos dias 24 e 25 de agosto, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) e Instituto de Matemática e Estatística (IME), todos da USP.
Um QR Code (código de barras que pode ser decodificado em outras informações) para cada banheiro e sala de aula com o objetivo de avisar a administração dos espaços sobre a falta de itens, como papel toalha e giz de lousa. Essa foi a ideia de um dos finalistas do InterHack: a equipe NusContratem da EACH.
Alexandre Kenji Okamoto, aluno do segundo semestre de Sistemas de Informação (SI), conta que a proposta surgiu dos episódios vividos por ele e seus colegas no cotidiano da Universidade. “É recorrente o fato de irmos ao banheiro e ter acabado o papel toalha ou de o professor chegar para dar aula e perceber que está sem giz”, comenta.
Eles propuseram colocar em cada um desses espaços um código, que seria escaneado pelos usuários e encaminhado ao aplicativo da administração desses locais, com o objetivo de avisar sobre a falta dos itens. “Seria uma extensão ao aplicativo da USP, e-Card, para que as pessoas não precisassem baixar outro aplicativo”, explica Alexandre.
Alexandre conta que a equipe, toda formada por alunos de SI, espera que a proposta seja colocada em prática. “Gostaríamos muito que o projeto fosse realmente implementado porque um dia desses mesmo aconteceu. O professor chegou e falou ‘esqueci de pegar giz’. Então pensamos em como seria bom ter esse projeto funcionando”. Sobre a final, eles não parecem estar apreensivos. “Iremos fazer como na primeira etapa: curtir o evento e se der, deu!”, resume.
Equipe NusContratem – Da esquerda para a direita: Giovani Verginelli Haka, Matheus Barcellos de Castro Cunha, Alexandre Kenji Okamoto, Renan Ernesto Silva Pinto – Foto: Arquivo Pessoal Alexandre Kenji Okamoto
Para Sarita Bruschi, coordenadora do USP Code Labe no ICMC, grupo de extensão que organiza o evento, o tema escolhido foi pensado justamente para estimular esse conhecimento. “Poder pensar sobre esse universo os ajuda a conhecer o que é a Universidade. Para um dos grupos que propunha um projeto sobre controle de patrimônio, falei que eles não faziam ideia da quantidade de equipamentos que existem na USP”, comenta Sarita. .
Software para evasão na graduação
Outro finalista foi um grupo de estudantes de São Carlos. Eles pensaram em um projeto que ficou em primeiro lugar na fase inicial: um sistema capaz de identificar fatores que antecipem a ausência dos alunos em sala. Para explicar como seria esse sistema, foi criado um protótipo de aplicativo. A ideia é que o sistema indique com base em dados, como número de faltas e notas, que determinado aluno pode deixar a graduação, antes que a evasão ocorra.
Para Fernando Augusto de Salum e Dizioli, aluno de Engenharia Elétrica com ênfase em automação, a criação do projeto é parte da realidade vivida por estudantes da área. “Na engenharia, tem até aquela fama de que ‘entram 50 e saem 5’. Então tentamos atacar esse problema, que é bem pertinente. Vários amigos nossos desistiram da faculdade, trocaram de curso”, relata.
A maior dificuldade encontrada pela equipe foi a parte técnica do desafio: a programação. Apesar disso, o que puderam conhecer do ambiente universitário, até agora, bastou para levarem a melhor na disputa. “Nossa vivência na faculdade nos deu bastante ferramentas para trabalhar e ter ideias pra fazer um projeto que impacte realmente”, conclui Fernando.
Programação e praticidade
No IME, o grupo que levou o primeiro lugar teve como principal preocupação a burocracia. A ideia intitulada Fundo Saber tem como objetivo auxiliar as pessoas que pretendem realizar alguma ação na Universidade, especialmente doações. Trata-se de um site com uma ajuda diferenciada: uma assistente virtual que auxilia os usuários, a AdaLoveLace.
No site, os usuários entram em contato com a assistente, informam o que procuram e ela os encaminha para a ação. No caso de realizar doações, em vez de ler documentos para entender o processo, a assistente resumiria em uma breve explicação, além de direcionar para o preenchimento de formulários e próximos passos.
Túlio Ferreira Leite da Silva, aluno da pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral, integrante do grupo, conta que a ideia surgiu da reflexão sobre as disparidades de doações feitas para universidades no Brasil e nos Estados Unidos, muito maiores no segundo. Para Túlio, a burocracia encontrada pode ser um dos obstáculos para realizar doações nas universidades brasileiras.
“Se alguém quiser doar um bem móvel para a USP, por exemplo, precisará ler diversos documentos e resoluções para entender o que fazer. Nossa ideia é automatizar esse processo para torná-lo mais fácil”, explica Túlio. O grupo pensou em um projeto que não gerasse mais trabalho à Universidade. “Queríamos fazer algo a partir do que a Universidade já tem, resolvendo um problema com uma solução fácil de ser implementada e que não gerasse outras dificuldades.”
Com exceção dele, os outros membros da equipe são alunos da graduação em Ciências da Computação. “Eles viram que eu estava meio perdido no grupo do USP Code Lab e me adotaram. Foi incrível”, conta Túlio. Como na primeira fase, realizar um projeto de fácil implementação e que não gere outros problemas é o foco do grupo para a final.
A última etapa do InterHack 2019 será entre os dias 9 e 10 de novembro no Centro de Inovação (Inova) da USP, localizado na Cidade Universitária, em São Paulo.
Mais informações: https://interhack.xyz/2019