Criminal
5 de Setembro de 2019 às 17h25
MPF denuncia alvos da Operação Big Five por contrabando de migrantes no Brasil
Três membros de uma organização criminosa internacional atuavam no país, que é ponto de passagem das vítimas no trajeto até os EUA
Arte: Secom/PGR
O Ministério Público Federal denunciou três integrantes de uma extensa organização internacional que se dedica desde 2017 ao contrabando de migrantes. O trio atuava na recepção de pessoas vindas de países da África e da Ásia e cuidava do encaminhamento delas para prosseguirem viagem pela América Latina rumo aos Estados Unidos, onde pretendiam ingressar ilegalmente. Os acusados são estrangeiros radicados no Brasil e foram presos no mês passado, quando se deflagrou a Operação Big Five contra as atividades ilícitas do grupo em São Paulo.
Os crimes envolviam a emissão de documentos falsos de viagem, como passaportes e vistos brasileiros, que viabilizavam a entrada dos migrantes em território nacional. Há registro de pessoas que pagaram até US$ 7 mil pelos papéis. Grande parte dos que se submetiam à travessia era oriunda de países como Índia, Paquistão, Afeganistão, Somália, Etiópia e Iêmen. As viagens duravam meses, desde a saída do país de origem até o cruzamento da fronteira do México com os Estados Unidos, e eram feitas por navio, ônibus e, em alguns trechos, a pé. Relatos de assaltos, agressões e abandono ao longo do trajeto são comuns.
Segundo a denúncia, os acusados falsificavam documentos e promoviam, com o fim de obterem vantagens econômicas, a saída de estrangeiros do território nacional para ingressarem ilegalmente em país estrangeiro, submetendo as vítimas a condições desumanas e degradantes. Os denunciados, de acordo com a acusação, funcionavam como elos de uma corrente internacional voltada à prática de crimes.
Ao chegarem ao Brasil, os migrantes eram mantidos em São Paulo até que os denunciados providenciassem os próximos passos da viagem. Enquanto um dos criminosos cuidava dos documentos forjados e dos trâmites burocráticos, outro organizava o roteiro por meio de uma falsa agência de viagens sediada na capital paulista. O terceiro era responsável pelo transporte dos estrangeiros na cidade e por monitorar seus deslocamentos até deixarem o Brasil.
Há indícios de que o trio promovia a movimentação de 30 a 50 pessoas mensalmente pelo território nacional. A saída era feita por Rio Branco (AC), de onde os migrantes ainda percorreriam outros nove países antes de chegar à fronteira norte-americana. Em cada um, outros membros da organização realizavam tarefas similares às dos criminosos no Brasil para permitir a continuação das viagens. Além das condições precárias, as vítimas enfrentavam o risco constante de serem barradas por autoridades de imigração, sobretudo quando conseguiam alcançar os Estados Unidos.
O número processual da denúncia é 0009325-31.2018.403.6181. A tramitação pode ser consultada aqui.
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