Hospital das Clínicas da instituição de ensino teve o trabalho reconhecido pela Fundação António Champalimaud, de Portugal
O Serviço de Oftalmologia do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), referência nacional em cirurgias e atendimentos ambulatoriais há mais de 30 anos, acaba de receber o reconhecimento máximo em ações de prevenção à cegueira.
Trata-se da primeira vez que o prêmio é oferecido, em 13 anos de existência, para instituições da América Latina. O trabalho desenvolvido pela Unicamp foi contemplado com o Prêmio António Champalimaud de Visão 2019, concedido pela fundação portuguesa de mesmo nome.
A cerimônia de premiação aconteceu nesta quarta-feira (4), em Lisboa, em que participou uma parte da equipe de médicos envolvidos no serviço. Vale destacar que o HC divide o valor de um milhão de euros com outras duas instituições brasileiras: o Instituto Altino Ventura, no Recife, e o Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia (Ipepo), sediado em São Paulo.
Abrangência
Diariamente, centenas de pessoas de diversos Estados do Brasil passam por atendimentos de oftalmologia no HC da Unicamp. O ambulatório do Serviço de Oftalmologia, em que atuam médicos, residentes e enfermeiros, realiza cerca de mil atendimentos diários ligados a urgências e à prevenção à cegueira.
O setor já tem planos para investir o valor da premiação internacional. “Planejamos a criação de uma unidade só voltada para a oftalmologia, o nosso Instituto da Visão. O prêmio vem para uma conta da universidade, que será administrado em conjunto entre a Unicamp e nossa área. Esperamos, com isso, dar os primeiros passos rumo à construção dessa unidade”, explica à TV Unicamp Denise Fornazari de Oliveira, chefe do ambulatório de oftalmologia do HC da Unicamp.
O serviço abrange de 90 cidades, englobando uma população de quase 5 milhões de pessoas. Uma das principais iniciativas é o Projeto Catarata, que começou na década de 1980 e se expandiu para diversos países como modelo de atendimento.
“Apenas em residentes, somos 35, fora os estagiários e toda a equipe que trabalha. São muitas pessoas atendendo ao mesmo tempo. Trata-se de um trabalho estruturado, no qual conseguimos dar vazão”, salienta Rosane Castro, médica do Serviço de Oftalmologia do HC, à TV Unicamp.
Desafios
O médico Carlos Eduardo Arieta, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, acompanhou a fundação do serviço e destacou os desafios da iniciativa. “Nossa preocupação inicial era ensinar ao médico o que é oftalmologia, mas, ao mesmo tempo, podemos mostrar o que um hospital universitário pode fazer pela sua comunidade. Percebemos que esse prémio pode dar a oportunidade para crescermos com estrutura adequada”, enfatiza o docente à TV Unicamp.
Em razão de um descolamento de retina, Eurides Bubula, de Hortolândia, no interior paulista, se prepara para a cirurgia no HC. “O tratamento, desde o primeiro dia que vim aqui, está ótimo. Fui sempre bem atendido”, diz o paciente à TV Unicamp.
Moradora de Munhoz, em Minas Gerais, Joice Silva viaja duas vezes por semana para cuidar de uma lesão por uso inadequado de lentes de contato. “Estou fazendo o tratamento há um mês e meio, mas estou bem melhor. A visão do olho direito já está voltando e o esquerdo está começando a melhorar”, revela à TV Unicamp a paciente.
De acordo com a fundação, o Prêmio Champalimaud de Visão 2019 reconhece o excelente trabalho das instituições vencedoras, com profissionais e voluntários que trabalharam muitas vezes com risco pessoal, mostrando extrema coragem para trazer luz àqueles que não podem ver.