A edição 2019 dos Jogos Parapan Americanos terminou ontem com a delegação brasileira comemorando o recorde de 308 pódios, sendo 109 medalhas de ouro. Numa dessas coincidências que a vida proporciona, quis o destino que os jogos terminassem em um 1º de setembro, Dia do Profissional de Educação Física.
O protagonismo dos atletas é indiscutível e, durante os últimos dias, pudemos ler e ouvir histórias de quem suou muito para chegar ao pódio. Mas o esporte é uma construção social e coletiva, e, adaptando uma metáfora do futebol, a medalha não acontece por acaso. Ninguém nasce atleta ou paratleta. A carreira atlética é construção. Depende, é claro, de talento. Mas, tal qual uma pedra preciosa, seu brilho só existe se lapidado por mãos corretas, que identificam no meio do material bruto algo especial e sabem a maneira correta de trabalha-lo.
No paradesporto, a capacidade muitas vezes exige enxergar além das aparências. Não são poucos os atletas que descrevem que por anos, durante as aulas de educação física, ficavam sentados, ao lado das quadras, assistindo aos amigos. Só depois do olhar atento de professores que tinham o conhecimento do esporte adaptado é que foram integrados e tiveram respeitados o seu direito à prática esportiva.
Duas iniciativas recentes do Comitê Paralímpico Brasileiro ajudam na detecção de talentos e devem render frutos em breve: uma é o Centro de Formação Esportiva, destinado a crianças e jovens com idade entre 10 e 17 anos, em São Paulo. A outra, o curso online Movimento Paralímpico: Fundamentos Básicos do Esporte, que visa levar os conceitos básicos do paradesporto para 100 mil professores de todo o país.
É bom registrar que não é função da escola formar atletas de alto rendimento. As aulas de educação física têm outros objetivos, mas o encaminhamento de talentos aos locais de treinamento é uma consequência natural de um trabalho bem realizado.
Ao olhar nas comissões técnicas das seleções brasileiras no Parapan de Lima é possível encontrar mestres e doutores, profissionais que, além do conhecimento prático do dia a dia, buscam no conhecimento acadêmico o aprimoramento profissional, refletido em resultados expressivos no alto rendimento.
Vale ainda destacar que, muito além de treinadores, profissionais de educação física ocupam outros postos de suma importância: preparadores físicos, analistas de desempenho e gestores esportivos são faces que ficam ocultas para muitos, mas que pavimentam os caminhos dos pódios. O paradesporto brasileiro sai de Lima ainda mais forte. E, muito disso, graças ao trabalho de profissionais de educação física. Talentos que merecem respeito e gratidão.
Edição: Verônica Dalcanal