Projeto “Laboratório Natural” usou floresta como sala de aula e se destacou na competição Desafio Criativos da Escola
A falta de um laboratório para aulas práticas de Ciências inspirou um grupo de alunos da Escola Estadual Professora Maria Belém, de Barreirinha, município da região do Baixo Amazonas, situado a 331 quilômetros de Manaus, a pensar em aulas em espaços não formais. O resultado, além de uma melhoria de qualidade no ensino, foi o prêmio nacional no Desafio Criativos da Escola 2019.
Este ano, foram inscritos 1.443 projetos, de todos os estados do Brasil, e apenas sete venceram o Desafio. Conforme a gestora da instituição da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM), Mariene Marinho, o destaque é a prova de quão importante é o envolvimento dos estudantes nas ações escolares como um todo.
“A ideia surgiu diante de uma problemática, sentida pelos próprios alunos, solucionada com a riqueza de que o nosso Amazonas dispõe, envolvendo Biologia e outras áreas de Ciências. Mostramos aos estudantes que é possível ir além das quatro paredes das escolas e ter um aprendizado mais rico, prazeroso, com viagens e trilhas”, salientou a gestora.
Laboratório Natural – José Victor, Laís Raquel, Elem Belo, David Tavares e Lucas Lima perceberam que as aulas teóricas, sem uma interface prática, estavam desestimulando o estudo e o aprendizado deles e dos colegas. Preocupados com essa situação, eles pensaram em uma solução simples e extremamente criativa.
Com o tema “Amazônia, um laboratório natural”, os cinco alunos organizaram uma turma experimental de 25 estudantes do 3º ano do Ensino Médio da Escola e viajaram por duas horas de barco até a comunidade São Francisco do Paranã do Moura. No local, dividiram-se em cinco grupos, e um integrante de cada cumpria o papel de monitor. Toda a atividade foi acompanhada por professores da escola.
Durante o dia de visitação, cada grupo ficou responsável pela exposição de um dos temas, que foram divididos segundo os tipos de água (clara, branca e preta); os diferentes habitats dos animais (várzea e terra firme); as florestas primária e secundária; os aspectos das diversas plantas (briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas) e os tipos de serpentes (venenosas e não venenosas).
Mundo melhor – O Desafio possibilitou também que o professor descubra alternativas para garantir o desenvolvimento do espírito criativo do alunado, mesmo na ausência de laboratórios e /ou outros espaços nas escolas. É assim que Nilton Teixeira, diretor do Departamento de Políticas e Programas Educacionais (Deppe/Seduc-AM) resumiu o projeto.
“Acreditamos que por meio do protagonismo dos nossos jovens é possível termos uma mundo melhor e mais humano, utilizando o que temos disponível em nossas escolas e em nossos territórios de aprendizagem. Há também os cuidados com o meio ambiente, além de possibilitar a discussão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, assinalou Nilton.
O diretor também se referiu à possibilidade de intercâmbio entre estudantes amazonenses com outros do Brasil e do mundo: José Victor, Laís Raquel e Elem Belo serão os representantes da equipe e serão premiados com uma viagem para um evento internacional em Roma, na Itália.
“Conservar, Transformar e Brincar”, dos alunos da Escola Estadual Benedito Almeida (em Manaus), recebeu uma Menção Honrosa no Desafio.
O Prêmio – O Criativos da Escola encoraja crianças e jovens a transformarem suas realidades, reconhecendo-se como protagonistas de suas próprias histórias de mudança.
O protagonismo, a empatia, a criatividade e o trabalho em equipe são os pilares centrais deste projeto, que busca envolver e estimular educandos e educadores de diferentes áreas no engajamento e na atuação em suas comunidades.
A iniciativa faz parte do “Design for Change”, movimento global que surgiu na Índia e está presente em 65 países, inspirando mais de 2,2 milhões de crianças e jovens ao redor do mundo.