Espaço é destinado a portadores de doenças infectocontagiosas e pacientes com distúrbios neuropsicomotores, entre outros
A Faculdade de Odontologia (FO) da Universidade de São Paulo (USP) realizou, na última quarta-feira (21), uma cerimônia na capital paulista que marca as celebrações dos 30 anos do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (Cape), em atividade desde julho de 1989.
Vale destacar que a criação do espaço foi uma iniciativa dos professores Ney Soares de Araújo e Myaki Issao (na época, respectivamente, vice-diretor e diretor da Faculdade de Odontologia). O objetivo é prestar atendimento ambulatorial a pacientes portadores de doenças infectocontagiosas, com distúrbios neuropsicomotores e portadores de doenças sistêmicas crônicas.
“Na década de 1980, o mundo viveu a epidemia de Aids e um dos problemas, na época, era que profissionais da área de saúde se negavam a atender os pacientes contaminados. Tínhamos que fazer algo por eles: isolávamos esses pacientes ou encontrávamos uma maneira de oferecer o tratamento”, recordou o professor emérito da faculdade, Ney Soares de Araújo, um dos idealizadores do centro, ao Jornal da USP.
“O Cape nasceu por uma necessidade de assistência odontológica a pacientes com doenças infectocontagiosas, mas se tornou algo muito mais abrangente. É uma referência nacional e internacional, um dos braços fortes da faculdade que, tenho certeza, continuará ainda por muitos anos”, ressaltou o atual diretor da unidade, Rodney Garcia Rocha, ao Jornal da USP.
O reitor da USP, Vahan Agopyan, participou do evento e registrou a satisfação com o trabalho desenvolvido no centro. “O Cape é um modelo de integração com a sociedade e reflete a posição de uma universidade moderna. O espaço não é apenas um prestador de serviço, pois desenvolve atividades de ensino e pesquisa e faz com que nossos alunos e docentes compreendam as necessidades da população”, afirmou ao Jornal da USP.
Especialidades
Vinculado à Disciplina de Patologia Bucal, do Departamento de Estomatologia da FO, o Cape realiza aproximadamente mil atendimentos por mês, nas especialidades de dentística, periodontia, endodontia, semiologia, cirurgia, prótese e ortodontia.
Segundo a coordenadora do centro, Marina Helena Cury Gallottini, em 30 anos, além dos 12 mil pacientes que receberam tratamento e continuam sendo acompanhados, 1.621 dentistas participaram do Programa de Atualização do Cape e cerca de 900 alunos de graduação cursaram a disciplina optativa oferecida.
“De uma forma muito natural, o Cape harmoniza o atendimento com a pesquisa científica e o ensino. Nossas pesquisas têm o caráter transdisciplinar e aplicação direta nas necessidades da população. Nosso trabalho já resultou em cerca de 300 artigos científicos, quase 100 trabalhos de finalização de especialização, muitas dissertações de mestrado e teses de doutorado”, disse a coordenadora ao Jornal da USP.
“O Cape é resultado do comprometimento e do engajamento de professores que entenderam as necessidades de uma parcela da população e trabalharam para que uma ideia virasse um projeto, e o projeto virasse uma realidade. Docentes comprometidos e engajados são o motivo de sucesso não só do Cape, mas da própria USP”, avaliou o chefe do Departamento de Estomatologia, Giuseppe Alexandre Romito.