Atividades aconteceram nesta sexta-feira (23/08), durante todo o dia, na Aleam
“Todos têm direito à aprendizagem”. Foi com esses dizeres que o diretor do Departamento de Políticas e Programas Educacionais (Deppe) da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM), Nilton Carlos, deu início ao segundo dia de programação especial da Semana da Pessoa com Deficiência, nesta sexta-feira (23/08), na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, zona centro-sul de Manaus.
Pela parte da manhã, a partir das 8h, a Aleam recebeu cinco palestras: “A prática pedagógica com materiais didáticos adaptados”, do professor doutor Dalmir Pacheco (Ifam); “A verdade sobre o TDAH e sua legislação”, da doutora Alice Sobral (UEA/OAB/Umsa); “A inclusão dos educandos com altas habilidades/superdotação nas classes regulares de ensino”, da professora doutora Andrezza Belotta Lopes Machado (UEA); “Saberes docentes na inclusão de pessoas com deficiência”, da mestranda Railce Azevedo (UEA); e “A importância da surdocegueira na prática educativa”, professora Sueli Lucena.
Professora da Escola Estadual Manoel Marçal de Araújo, Cláudia Figueiredo de Lima elogiou a iniciativa da Seduc-AM e destacou a importância de atividades voltadas à inclusão no ambiente escolar. “O ciclo de palestras foi bastante produtivo, pois tivemos contato com conhecimentos atuais acerca do tema, desde leis a questões relacionadas às próprias deficiências”, acrescentou a educadora.
De acordo com ela, ainda, o bate-papo serviu para instruir os professores sobre como agir e, consequentemente, colaborar para a inclusão do aluno com necessidade especial não somente dentro de sala de aula – mas, também, na sociedade.
“Dentro da comunidade acadêmica, existem dificuldades em lidar com certas situações, pois não tivemos nenhum tipo de formação ou treinamento. Por conta disso, essas palestras são de extrema importância para nós. Adquirimos muito conhecimento, hoje”, concluiu.
Para a professora doutora Andrezza Belotta Lopes Machado, uma das palestrantes desta sexta, considerar a pessoa com deficiência tão cidadã quanto as demais é um dos primeiros passos rumo à inclusão: “Estamos vivendo a perspectiva da integração no que diz respeito à ingressão do aluno com necessidade especial à escola. No entanto, muitas vezes, não é repensada a questão do currículo escolar [métodos, conteúdos, entre outras questões] e, até mesmo, da infraestrutura das unidades de ensino. Os educadores e gestores precisam ter essa visão”.
Andrezza acredita que, no momento, a principal barreira que a inclusão enfrenta é a rejeição ao diferente. “Formação e informação fazem toda a diferença ao professor não só na questão humana, mas também no olhar pedagógico. Com atividades como essa da Seduc-AM, eles estão aprendendo a identificar as potencialidades desses estudantes especiais, repensando, assim, as suas práticas em sala de aula”, completou a professora doutora.
Oficinas – À tarde, das 13h às 17h30, a Aleam recebeu uma exposição de materiais adaptados, além das oficinas: “Atendimento educacional especializado – AEE e o professor da sala de recurso multifuncional’, da professora Lidinalva Fernandes Príncipe Balbi (CMEE); “Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o uso de materiais alternativos e atividades diversificadas para favorecer a comunicação e a aprendizagem’, da professora Esmeralda Monteiro (Iaam); “Braille’, dos professores Paulo André Castro Cruz e Gorete Lima (EE Mayara Redman); e “O papel da saúde para a pessoa surda’, da fisioterapeuta e graduanda em Letras Libras (Ufam) Ana Francisca.
A pedagoga Danielle Lima, do Instituto de Autismo do Amazonas (Iaam), contou que um dos objetivos principais das oficinas é conscientizar o profissional da Educação a respeito dos cuidados e necessidades que os alunos especiais têm em sala de aula. “No meu caso, que trabalho com o autismo, procuro passar o máximo de experiência para eles [professores]. Durante a oficina, ensinamos como lidar com o estudante autista, além de apresentar métodos alternativos de alfabetização”, frisou.
Danielle, que é mãe de um adolescente autista de 14 anos, revelou que a vivência dentro de casa é algo bastante importante para o desenvolvimento dos estudantes portadores da condição, também. “Esses jovens necessitam de terapia multifuncional, que envolve psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo e educador físico, na escola e no ambiente familiar”, finalizou.
Jovem parlamentar – Entre o público presente na Aleam nesta sexta, um jovem em específico se destacou. Acompanhado do seu intérprete, o estudante surdo-mudo João Victor Ventura Cavalcante, 20, da EE André Araújo, assistiu ao ciclo de palestras da Semana da Pessoa com Deficiência. Entre os dias 23 e 27 de setembro, ele representará o Amazonas no Parlamento Jovem Brasileiro, em Brasília.
Na capital do país, o estudante apresentará um projeto que propõe a inclusão de intérpretes em hospitais e prontos-socorros para auxiliar no atendimento de pessoas surdas-mudas.
“É essencial que esses locais tenham esse tipo de profissional, para evitar possíveis erros no diagnóstico do paciente surdo-mudo. Às vezes, ele [o paciente] acaba morrendo, porque não há uma comunicação eficaz com o médico”, defendeu João Victor.
Programação – Até quarta-feira (28/03), como parte da programação especial da Seduc-AM, diversas escolas e espaços do Amazonas receberão atividades em alusão à Semana da Pessoa com Deficiência. As ações da secretaria têm como objetivo sensibilizar os profissionais das unidades de ensino do Estado que trabalham com alunos com deficiência, ajudando-os nas estratégias e formas de intervenção e os acolhendo em suas dificuldades, por meio do diálogo em relação as suas práticas pedagógicas.
Lei – A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla foi instituída há dois anos, mediante a Lei 13.585, de 26 de dezembro de 2017, e ocorre, anualmente, entre os dias 21 e 28 de agosto.