Iniciativa buscou promover a reflexão sobre a pedagogia universitária e estratégias educacionais inovadoras no ensino
O Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)² da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recebeu, na última quinta-feira (15), o evento “Educação Inclusiva e Pedagogias Expressivas”. A ação integrou o programa GraduAção, da Pró-Reitoria de Graduação (PRG), que busca promover a reflexão sobre pedagogia universitária e estratégias educacionais inovadoras.
“A educação inclusiva é a que pode me aproximar mais da fraternidade, da igualdade, da participação, da cidadania. Inclusão tem muito a ver com nos sentimos parte de uma comunidade. É trabalhar as diferenças para que não se tornem desigualdades”, salientou David Rodrigues, professor da Universidade Técnica de Lisboa, que participou da iniciativa.
“São conteúdos ligados à própria concepção da docência universitária, questões de metodologias, práticas pedagógicas e organizacionais para aprendizagem dos estudantes”, ressaltou ao Jornal da Unicamp Soely Polydoro, Coordenadora do (EA)² e professora da Faculdade de Educação da universidade.
Segundo a docente, a educação inclusiva é um dos pressupostos do debate. “A inclusão é objeto de estudo e pesquisa da instituição há bastante tempo. A universidade tem atuado muito defendendo e oferecendo elementos para essa discussão. No entanto, ela vem mais lentamente sendo trabalhada no chão da universidade, nos currículos e na sala de aula”, completou.
A professora citou iniciativas como o Laboratório de Acessibilidade (LAB), a Central de Tradutores e Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (TILS) e a Diretoria Executiva de Direitos Humanos, como ações importantes da universidade.
Conhecimento
David Rodrigues também destacou a meritocracia e a pressão pela alta produção de conhecimento como desafios específicos para inclusão no contexto universitário. Para ele, os docentes têm mais dificuldades do que os demais professores em trabalhar de maneira cooperativa e repensar metodologias de avaliação.
“A educação, para ser equitativa e inclusiva, precisa mudar suas metodologias. Não comporta mais existir uma metodologia que seja excludente, uma metodologia que seja feita para uma média de alunos”, disse ao Jornal da Unicamp Luzia Mara Lima Rodrigues, do Instituto Politécnico de Setúbal (Portugal), que ficou responsável pela parte prática do evento, como o workshop “Pedagogias Expressivas no Ensino Universitário”.
Segundo Luzia, as metodologias tradicionais limitam as possibilidades do professor de descobrir potencialidades e competências nos alunos. “Quando estou em uma lógica exclusivamente linguística ou lógico-matemática, a única forma que tenho de mostrar para o professor que eu sei, é fazendo uma conta ou escrevendo”, destacou.
Na avaliação da diretora-executiva de Direitos Humanos da Unicamp, Néri de Barros Almeida, que acompanhou as atividades, o debate agrega concretude à conversa em torno do tema na instituição. “Os direitos humanos estão na sala de aula no respeito aos direitos, em primeiro lugar. A pessoa tem direito à educação e à formação profissional. O docente tem obrigação de filtrar todas suas práticas para se tornar sensível às demandas que a turma, nas suas especialidades, apresenta para o processo formativo”, finalizou.