A Avenida Niemeyer, que liga os bairros do Leblon à São Conrado, na zona sul do Rio, passou por mais uma inspeção na manhã desta segunda-feira (19). O desembargador Mauro Pereira Martins, da 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, além de peritos judiciais e técnicos da prefeitura avaliaram as condições da encosta, no trecho do Vidigal, o mais castigado pelo temporal de maio, para possível reabertura da via, fechada desde 28 de maio, por decisão da Justiça.
O desembargador chegou por volta das 9h30 da manhã e subiu o trecho mais afetado pela chuva. A vistoria durou cerca de uma hora. Ao término da inspeção, o desembargador deu prazo de 72 horas, após a vistoria, para a prefeitura apresentar nota técnica elaborada pelo Instituto de Geotécnica do Rio (Geo-Rio) sobre a segurança da Niemeyer e a ausência de riscos para a liberação da via em tempo seco. Nesse período, peritos da Justiça e do Ministério Público estadual também deverão se manifestar.
Inspeção
A decisão de avaliar novamente as condições da Niemeyer foi tomada na última quinta-feira (15), durante uma audiência no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que reuniu representantes do Judiciário, da prefeitura e do Ministério Público. No encontro, o procurador-geral do município, Marcelo Silva Moreira Marques, apresentou a proposta de abertura imediata da via com o compromisso de interditá-la em dias de chuva. O MP questionou, no entanto, se seria possível garantir a segurança da população durante as obras. Diante do impasse, o desembargador Mauro Pereira Martins determinou então a ida de peritos para avaliação dos riscos de novos deslizamentos de terra e ele também foi ao local para avaliar as condições da Niemeyer.
Crivella
O prefeito Marcelo Crivella, disse hoje (19), que espera que o bom senso prevaleça e que a Justiça determine a reabertura da Avenida Niemeyer. De acordo com Crivella, a prefeitura disse, há 60 dias, que não haveria risco e que não era preciso fechar a avenida. “Fechou-se. E provou-se o que estávamos dizendo: não houve desabamento. Houve, sim, um engarrafamento brutal, prejudicando uma imensa população. Mas agora espero que a gente consiga reabrir, e que prevaleça o bom senso”, avaliou.
O secretário municipal de Infraestrutura e Habitação do município do Rio, Sebastião Bruno, e o presidente da Geo-Rio, Ernesto Megida, acompanharam a inspeção. Durante a vistoria, o secretário reafirmou que não há risco para a população e apresentou os argumentos que sustentam o pedido da prefeitura para que a via seja reaberta ao trânsito em dias secos. O protocolo de fechamento será colocado em prática no caso de chuva mínima, de 10 milímetros (mm) em uma hora.
Ao desembargador, Sebastião Bruno informou que as 34 obras emergenciais na encosta – ao custo de R$ 31 milhões – serão concluídas até o final de outubro. Já ficaram prontos 2/3 dos trabalhos. Todas as rochas que poderiam oferecer risco já foram retiradas e contidas, assim como 17 casas que poderiam desabar e todo o entulho acumulado no alto da encosta.
As obras na Niemeyer incluem a demolição de casas e a eliminação da contribuição de esgoto. Há, também, o plano de contingenciamento para fechar a via, após análise técnica que confirme essa necessidade. As ações têm o objetivo de eliminar os riscos geológicos na região. Estão sendo realizadas ainda a colocação de drenos profundos, desmonte de blocos de rocha, restabelecimento do sistema de drenagem, limpeza da região e instalação de cortinas de concreto armado.
Simulações
A Geo-Rio realizou ainda cinco mil simulações de risco com um software que permite criar situações hipotéticas de chuvas e outras condições climáticas a partir de dados de topografia e relevo da montanha. Em nenhum dos casos houve deslizamento de terra até apista. A Niemeyer liga os bairros de São Conrado e Leblon, na zona sul, e faz parte do eixo que vai da zona oeste ao Centro da cidade. Pela via, circulavam, pelo menos, 36 mil veículos por dia.
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Edição: Bruna Saniele