O Dia dos Pais, comemorado neste domingo (11), é considerado uma data especial porque, comumente, é um dia que a família fica reunida – pais, filhos e netos -, principalmente aqueles que ainda conseguem manter uma relação saudável na base do respeito, amor e amizade. Por conta da data, o Centro de Convivência Estadual do Idoso (Ceci) – Aparecida, coordenado pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), tem uma programação especial aos pais, com oficinas tratando sobre as relações interpessoais entre pais e filhos.
A assistente social do Ceci, Janilce Fernandes, destaca que, em geral, o público do Ceci Aparecida procura o local em busca dessa interação. O aposentado Etelvino Alves Fonseca, 67, que há 10 anos participa das atividades do Centro, hoje pratica várias atividades como karatê, Tai Chi Chuan, dança e caminhada.
Ele diz manter um ótimo relacionamento familiar com os filhos e netos, inclusive com a ex-esposa. “Minhas netas me adoram, fazem festa quando me veem”, disse o aposentado, que frequenta o local com a atual esposa, uma amiga de infância, e se considera realizado.
O músico Pedro Batista dos Santos, conhecido como “Piter Show”, 65 anos, deficiente visual, também não tem do que se queixar na questão de relacionamento familiar. Tem três filhos e netos, inclusive quando vai ao shopping com a neta de 7 anos, que o guia. “Perdi a visão há 22 anos, por erro médico, e a família tem sido meu porto seguro”, disse.
Ele lembra que recomeçar é muito difícil e se torna pior pelo fato de não mais poder enxergar. Pedro Santos conseguiu dar a volta por cima, após passar por seis atropelamentos, depressão e AVC. “Superei com fé em Deus”. Frequentador assíduo do Ceci Aparecida desde 2015, Piter Show participa do grupo de dança e ainda toca teclado nas festas noturnas acompanhado do filho. “Tudo em equipe sai melhor”, frisou.
Teatro, coral, dança e musculação fazem parte do dia a dia do técnico de enfermagem, João Bosco Ramos de Souza, 62 anos, que há 11 anos participa das atividades do Ceci Aparecida. Pai de uma filha e avô de três netos, se considera uma pessoa realizada, apesar das dificuldades enfrentadas na juventude para tomar conta dos irmãos quando a mãe morreu.
“Tudo se tornou um aprendizado. Plantei e colhi amigos, tanto é que quando faço uma apresentação aqui no Centro eles vêm me assistir”, disse, destacando ainda que, quando entrou no Ceci, estava solteiro e lá conheceu a atual esposa. “O Centro me ajuda a ter saúde e vigor”.
Lado obscuro – Ameaças, agressões ou insultos fazem parte da realidade de alguns pais, principalmente idosos, situação nada boa para quem dedicou a vida aos filhos e não tem o amparo dos mesmos na velhice. O Ceci Aparecida tem um grupo denominado Guerreiros, que funciona às terças-feiras, formado por 17 homens na faixa de 60 a 86 anos e nem todos se sentem realizados na convivência familiar. Apesar de interagirem mito bem com o grupo que participam, não conseguem ter o mesmo êxito com os familiares.
A assistente social Janilce Fernandes, disse que alguns deles moram só e não recebem a visita dos filhos e netos, inclusive um está processando o filho por conta de violência financeira, pois o filho só aparecia para explorar o pai. “Eles vêm para o Ceci em busca de apoio, companhia, interação com as outras pessoas porque em casa não têm isso”, informou a assistente social, ressaltando que em grupo esses idosos não dão problema, pois são questionadores, inteligentes, mas, no aconchego do lar, se sentem abandonados.
As denúncias sobre violência contra idosos podem ser encaminhadas para o Centro Integrado de Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (Cipid), localizado no anexo à Delegacia Especializada em Crimes contra o Idoso, na rua do Comércio, s/nº, bairro Parque 10.